A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse ao líder chinês Xi Jinping que os laços do bloco com o país “atingiram um ponto de inflexão”. A declaração ilustra o que está em jogo na cúpula entre as partes, marcada por tensões que vão do comércio à guerra na Ucrânia.
“À medida que nossa cooperação se aprofundou, também se aprofundaram os desequilíbrios”, disse von der Leyen na quinta-feira, de acordo com o discurso preparado para a cúpula. O chefe do Conselho Europeu, Antonio Costa, pediu à China que “use a influência sobre a Rússia para respeitar a Carta das Nações Unidas e pôr fim à guerra de agressão contra a Ucrânia”.
“Reequilibrar nossa relação bilateral é essencial”, disse von der Leyen. “Para isso, é vital que a China e a Europa reconheçam as respectivas preocupações e apresentem soluções reais.”
A primeira cúpula presencial UE-China desde 2023 expõe a divisão entre o bloco e Pequim, poucos meses após sinais anteriores de uma possível distensão. No discurso de abertura, Xi disse que os laços entre os dois países estão “em um momento histórico”, e pediu maior confiança e comunicação em meio à incerteza global, informou a emissora estatal CCTV.
Xi disse esperar que a UE mantenha os mercados de comércio e investimento abertos, sem o uso de ferramentas econômicas restritivas, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua. Os desafios atuais que o bloco enfrenta “não vêm da China”, reiterou ele.
As mensagens chegam no momento em que os dois lados comemoram o 50º aniversário dos laços diplomáticos. A reunião foi encurtada de dois dias para um, a pedido de Pequim, informou a Bloomberg News, e o local foi transferido de Bruxelas para a capital chinesa, após Xi se recusar a viajar à Europa para as negociações.
Von der Leyen e Costa se encontraram com o líder chinês um dia após a cúpula da UE com o Japão, em Tóquio. Mais tarde na quinta-feira, eles conversaram com o premiê chinês Li Qiang, que alertou que qualquer ruptura nas relações será custosa. “Quando há distanciamento e ruptura em nossas relações, a cooperação estagna e prejudica a ambos”, disse Li.
Fonte: Valor Econômico

