A gestora de investimentos Vinci Compass concluiu a captação de um fundo de R$ 2 bilhões focado em infraestrutura sustentável e, agora, entra em uma fase de alocação dos recursos. Os investimentos deverão ser destinados a projetos novos de saneamento, energia renovável e eficiência energética, segundo o sócio José Guilherme Souza.
O fundo, chamado Vinci Climate Change, começou a ser captado em 2022, quando venceu um chamamento público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que responde por cerca de 40% dos recursos. O restante foi captado principalmente com investidores internacionais, como a francesa Proparco, o Banco Europeu de Investimento, o Banco Asiático de Infraestrutura e fundos soberanos, afirmou Souza.
“Foi uma captação lenta, difícil. O cenário está muito difícil para captação, para todas as estratégias, os fundos globais têm levado muito mais tempo do que historicamente levaram. Com a gente, não foi diferente. Mas, na semana passada, encerramos e conseguimos atingir nosso alvo de R$ 2 bilhões”, disse.
Em 2023, o fundo já havia feito um primeiro fechamento, com cerca de US$ 100 milhões, para investir em projetos de energia solar distribuída. O plano da Vinci é ampliar os investimentos no segmento, para atingir 100 MW (megawatts) de geração solar distribuída.
A gestora também tem planos de investir em projetos de energia renovável em maior escala, e hoje já está em conversas para uma iniciativa de energia solar de grande porte, porém, as incertezas regulatórias do setor têm demandado mais cautela, segundo o executivo.
“Não necessariamente vamos esperar [que as incertezas se resolvam para investir], a questão é negocial. Tudo é uma questão de alocação de risco, quem assume risco das questões em aberto. Se conseguirmos uma equação em que risco fique balanceado podemos investir. Mas, dadas as incertezas, a distância existente para se atingir esse balanço de risco aumentou. A dificuldade é chegar a uma convergência”.
No setor de saneamento básico, no qual a Vinci já é sócia da Águas do Brasil na concessão do Bloco 3 do Rio de Janeiro, a gestora tem interesse em diversos leilões de grande porte, segundo Souza. Entre eles, estão as concessões de Pernambuco e de Rondônia, além das Parcerias Público-Privadas (PPPs) que serão estruturadas em São Paulo.
Hoje, o grupo já está em conversas para formar consórcio para os projetos de Pernambuco e Rondônia, que poderão ser licitados ainda neste ano. Souza conta que o grupo chegou perto de apresentar uma proposta no leilão de Sergipe, realizado no ano passado, mas que acabou ficando de fora da disputa porque a avaliação apontou que o projeto não fazia sentido.
Outros segmentos no radar do fundo são o de armazenamento de energia — tanto para projetos de maior porte quanto soluções em menor escala para indústrias e comércios —, transmissão de energia, eficiência energética, torres de 5G e data centers com suprimento de fontes renováveis.
O fundo tem um prazo de até quatro anos para alocar os recursos e outros seis para fazer o desinvestimento. “E quando a gente olha a tese pra frente, a gente imagina ser capaz de usar esse laboratório Brasil e expandir para outros países da América Latina na próxima safra desse fundo. Alguns dos investidores desse fundo olham a região e já nos provocam para levar essa tese para outros países da América Latina, é algo a se considerar para frente”, afirmou o sócio.
Fonte: Valor Econômico

