Num ano que tem sido de “transformação importante”, a Vinci começa a capturar nos seus resultados trimestrais, os frutos da aquisição concluída no quarto trimestre de 2024 da americana Compass.
Para o fim deste mês vai haver fechamento da compra de 50,1% da Verde Asset Management, anunciada em outubro, e a expectativa da administração é que esse movimento traga mais diversidade de receitas e de crescimento para 2026, segundo Bruno Zaremba, diretor de finanças e operações da agora Vinci Compass.
Outras transações na América Latina estão no radar e oportunidades no Brasil podem também ser consideradas.
No terceiro trimestre, houve um incremento de R$ 19 bilhões entre captação líquida e apreciação dos ativos na carteira, com o total sob gestão chegando a R$ 316,3 bilhões. Em 12 meses, a carteira cresceu 349% pela fusão com a Compass e a aquisição da Lacan.
O lucro operacional relacionado a taxas de administração (FRE, o “fee related earning”) somou R$ 77,1 milhões no período, com expansão 18,1% no trimestre e de 43% em um ano. A margem ficou em 32,3%, ante 28% do segundo trimestre e de 47,7% um ano atrás. O lucro ajustado distribuído aos acionistas totalizou R$ 73,0 milhões, com recuo trimestral de 3,5%, mas alta de 28% em 12 meses.
Os números começam a refletir os ganhos de eficiência da integração com a Compass em áreas de suporte, operações, tecnologia, jurídica e de conformidade, lista Zaremba. “A gente vinha com a expectativa de começar a mostrar isso para os nossos acionistas e nesse trimestre acho que conseguiu um salto um pouco mais relevante.”
O grande tema do ano foi essa combinação de negócios. A Compass já era uma empresa bem representativa na América Latina, com atuação no Chile, Argentina, Uruguai, Peru e México, mas no Brasil tinha uma presença pequena.
Ao colocar mais peças na região, a Vinci passa a ter uma diversificação maior de linhas de receita e a colher rendas de uma atividade que não tinha, a de alocação de capital da América Latina para os mercados desenvolvidos. É um segmento que complementa a divisão de assessoria financeira de investimento e soluções global (IP&S).
O trimestre terminou com R$ 33 bilhões em ativos de crédito, com fundos em todas as verticais e países que a gestora está presente.
Para o período de outubro a dezembro, a expectativa é de continuidade da performance apresentada até aqui, com um ritmo de captação parecido, segundo o executivo.
“O ponto principal da plataforma é que de fato nossa diversificação é muito grande, tem muito produto em muitos países”, diz. Há crédito privado no Chile, no Peru, na Colômbia, no México, e no Brasil e a casa está captando o fundo 4 de SPS, de soluções oportunísticas de capital.
E há continuidade na tendência de aumento de alocação de investidores da América Latina em fundos globais, onde há hábito de exportação de poupança, em especial por fundações mexicanas e chilenas. O Brasil ainda tem pequena exposição internacional. “A gente tem agora uma plataforma que permite mostrar esse tipo de oportunidade para nossos clientes.”
Com a perspectiva de redução de juros, os fundos imobiliários da casa podem encontrar espaço para novas captações.
A Verde Asset, por sua vez, vai para debaixo do guarda-chuva da Vinci Compass no fim do mês, vai dar a sua contribuição em dezembro, mas em 2026, a expectativa é que “haja um impacto bem positivo da transação nos números”, diz Zaremba. Os sócios originais da Verde e alguns fundos da Lumina Capital, de Daniel Goldberg, que têm participação de 25% na asset, passam a ser acionistas da Vinci.
“A Verde tem uma marca, uma vocação para alguns tipos de produto que é muito forte, em alguns casos muito mais forte que a nossa”, observa Zaremba.
Além de manter em evidência o multimercado da Verde, principal fundo da gestora liderada por Luis Stuhlberger – que seguirá com sua equipe e atuando de forma independente -, a ideia é desenvolver estratégias novas em conjunto. Algumas classes específicas de crédito, um pouco mais voltadas para um grau de risco intermediário, e o fundo de alocação global, que entrar na oferta de investidores da América Latina, são algumas iniciativas.
Zaremba diz que a Vinci Compass continuará em busca de operaçõe de fusões e aquisições (M&A) na região para crescer a capacidade de alocação fora do Brasil. Infraestrutra e ativos imobiliários no Chile são alguns dos alvos de interesse. Localmente, vai seguir de olho em eventuais oportunidades, mas a sobreposição de estratégias aqui, onde a operação já é mais completa, torna essa tarefa um pouco mais desafiadora.
Fonte: Valor Econômico

