Por André Ítalo Rocha — São Paulo
29/04/2024 11h03 Atualizado há 21 horas
A Verde Asset acaba de colocar na rua o seu primeiro FIDC. As primeiras alocações estão sendo feitas com capital próprio, mas a gestora começou a captar também no mercado e pretende atingir patrimônio líquido de R$ 1 bilhão em até 18 meses.
Até agora, todos os investimentos em crédito da casa estavam espalhados pelos fundos multimercado, com cerca de R$ 4,5 bilhões já aplicados desde 2013. Com o FIDC, batizado de Verde Ipê, a gestora passa a ter estratégia voltada especificamente para esse segmento, construída pelo sócio Luiz Parreiras e liderada no dia a dia por Carlos Reis.
“O novo fundo é uma confluência de esforços que a gente vem desenvolvendo há uma década. Achamos que chegamos a uma maturidade para ter essa nova linha de negócios”, diz Parreiras ao Pipeline. Ele afirma que a decisão foi tomada há quase um ano, mas que a gestora gastou um tempo “na prancheta” para adaptar a estratégia às mudanças regulatórias pelas quais o mercado de fundos passou desde então, como a resolução 175 da CVM, por exemplo.
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A aposta no mercado de crédito se deve também a uma percepção de que o patamar de juros no Brasil seguirá alto no longo prazo, o que cria boas oportunidades de retorno elevado com risco controlado.
“Dado o modelo do nosso governo, de uma economia com fiscal mais solto que demanda uma política monetária mais apertada, achamos que o Brasil terá dificuldades para voltar a ter níveis de juros inferiores a 6% ou 7%”, ele diz. “E mesmo que o governo mude, há um contexto global de juro estrutural mais alto, e sabemos também que irresponsabilidade fiscal não é privilégio da esquerda.”
Sobre a destinação do capital, Parreiras explica que a Verde quer evitar os dois extremos do mercado de crédito, segmentos que já contam com alta competição. De um lado, está a fatia que os bancões costumam explorar, de risco baixo e retorno baixo. Do outro, está o grupo do risco alto e retorno alto, como as operações de special situations.
“Entre esses dois, está o resto do Brasil. Foi nesse meio do caminho onde nós desenvolvemos nossa expertise e onde tem uma equação de risco-retorno mais interessante”, diz Parreiras. Segundo ele, com base no histórico das alocações de crédito da Verde, o potencial do fundo é obter retornos anuais de CDI+4% ou CDI+5%.
Em relação aos modelos de fintechs que podem receber o capital do FIDC, a Verde afirma que está aberta a todo tipo de crédito, mas vai privilegiar negócios que pescam em aquário fechado, como faz com a Movile Pay, fintech da Movile, dona do Ifood, que fornece crédito para os restaurantes que estão no ecossistema do app de delivery. “Como são muitos restaurantes, os financiamentos ficam pulverizados. Se der problema com um, não impacta o todo”, diz Carlos Reis.
Fonte: Pipeline

