A gestora de recursos Verde, uma das mais renomadas do país, afirmou em sua carta do mês de novembro que vê um “tabuleiro político ainda bastante incerto” e que mantém a visão de uma “grande incerteza probabilística” em relação à próxima eleição no Brasil, além de prêmios de risco muito mais apertados que no começo de 2025.
“Nos parece que muitos participantes do mercado reconhecem o potencial ‘upside’ [de valorização] de uma mudança política, mas em geral o consenso – especialmente do investidor estrangeiro – minimiza o ‘downside’ [a desvalorização] de uma manutenção do atual governo no poder”, afirma. “Assim, preferimos buscar alinhar exposição ao potencial de alta com uma adequada proteção para os cenários mais negativos que nos parecem mal precificados”, diz.
Enxergando esse ambiente, no Brasil, a casa elevou a exposição à bolsa comprando estruturas de opções longas, aplicações financeiras que os investidores usam para se proteger. Na renda fixa, a gestora manteve a posição comprada em juro real (títulos que acompanham a inflação). Nos Estados Unidos, a Verde manteve a alocação aplicada (apostando na baixa) em juro real e comprada (apostando na alta) em inflação.
Além disso, a casa continuou com a posição comprada em uma cesta de moedas contra o dólar, além da compra das moedas ouro, real e renminbi chinês. A gestora reduziu a alocação em criptomoedas e manteve a posição em crédito.
A Verde vê um risco relevante, que, na sua análise, ainda não está embutido nos preços, de que a próxima liderança do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) seja “mais subserviente aos interesses políticos”, com taxas de juros abaixo do que o conjunto de fundamentos macroeconômicos pediria. Além disso, a casa enxerga uma série de estímulos fiscais se materializando na primeira parte de 2026, o que empurraria a economia americana para um avanço mais forte do que o de 2025.
O fundo Verde rendeu 14,78% neste ano até o mês de novembro, ante um CDI de 12,94% nesse intervalo. No mês, o produto rendeu 1,06%, quase em linha com o CDI de 1,05%. O fundo ganhou com ações brasileiras, crédito e papéis de renda fixa que acompanham a inflação. Já as perdas vieram de títulos de renda fixa que acompanham a inflação dos Estados Unidos, criptomoedas e bolsa global.
Fonte: Valor Investe

