O recuo do dólar foi determinante para a queda de 0,12% do Índice de Preços ao Produtor (IPP) em fevereiro. Conhecido como a inflação da indústria ou de “porta de fábrica”, por considerar os preços sem impostos e fretes, o indicador caiu pela primeira vez depois de 12 altas seguidas, período em que acumulou alta de 9,71%. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o IPP sobe 9,41%.
“Assim como nos últimos meses, o resultado do IPP em fevereiro foi impactado pela variação cambial. Na comparação entre janeiro e fevereiro, observamos queda de 4,3% do dólar em relação ao real, a maior depreciação do dólar desde a passagem de fevereiro para março de 2022, quando caiu 4,4%”, afirmou Murilo Alvim, gerente do IPP dentro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e responsável pelo índice.
Alvim acrescenta que o câmbio também ajudava a explicar as altas seguidas dos últimos meses e ressalta que, mesmo com o recuo recente, o dólar em fevereiro deste ano ainda estava 16,1% acima do patamar de fevereiro de 2024.
Das 24 atividades acompanhadas pelo IPP, 12 tiveram recuo de preços em fevereiro. O IPP é formado por dois índices: o da indústria de transformação e o da indústria extrativa. A taxa na indústria de transformação subiu 0,04% em fevereiro, enquanto o IPP da extrativa recuou 3,39%.
Entre as atividades industriais responsáveis pela queda do IPP em fevereiro, as maiores influências para foram alimentos, que recuaram 0,84%, com influência de -0,21 ponto percentual para o IPP; e indústrias extrativas, que caíram 3,39%, com contribuição negativa de -0,16 p.p.. No sentido contrário, refino de petróleo e biocombustíveis subiu 2,37%, com influência positiva de 0,24 p.p.; e outros químicos, que avançaram 2,41%, com contribuição de 0,19 p.p..
O IBGE ressaltou que a queda de 0,84% dos alimentos foi a segunda seguida do grupo, levando o acumulado no ano para -1,70%. Já em relação à variação acumulada em 12 meses, o resultado de 13,96% em fevereiro de 2025 foi o maior registrado desde os 19,55% de julho de 2022. Em fevereiro de 2024, essa taxa estava em -4,47%.
“É a segunda queda consecutiva de preços em alimentos, que acontece após uma sequência de nove altas consecutivas. Os destaques em fevereiro foram os menores preços das carnes, principalmente as bovinas, que tiveram um maior nível de abates no mês, os preços do arroz, que está com uma oferta aquecida por causa do início da safra, e os preços de derivados da soja, também com oferta em alta, acompanhando o avanço da colheita. Como esses produtos são exportáveis, a variação cambial também ajuda a explicar esses resultados”, disse Alvim.
Sobre o forte recuo das indústrias extrativas, Alvim ressalta que houve influência dos menores preços dos óleos brutos de petróleo, acompanhando a cotação internacional do petróleo. “Por ser um produto cotado em dólar, essa queda acaba sendo impulsionada também pela depreciação do dólar no mês.”
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, os bens de capital recuaram 0,76%; os bens intermediários caíram 0,09%; os bens de consumo tiveram queda de 0,04%; com alta de 0,35% nos bens de consumo duráveis e retração de 0,11% nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Fonte: Valor Econômico

