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Após cair 2,1% em setembro, as vendas do comércio varejista subiram 2,5% em outubro, na ótica do Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, cujo resultado do mês passado foi antecipado ao Valor. Na comparação com outubro do ano passado, as vendas subiram 4%, em outubro desse ano, na leitura do indicador. Na prática, emprego aquecido e renda em alta elevaram poder aquisitivo, com impacto positivo no comércio, explicou o pesquisador econômico e cientista de dados da Stone responsável pelo indicador, Matheus Calvelli.
“Temos demanda e está tendo crédito suficiente para continuar impulsionando esse consumo para frente”, disse. “E temos esse cenário positivo, de baixa taxa de desemprego, de alta salarial”, afirmou. Esse ambiente, ressaltou o especialista, alavanca maior ímpeto de consumo.
Ao ser questionado sobre o porquê de alta tão forte ter ocorrido após queda tão expressiva em mês imediatamente anterior, o técnico explicou que, no momento, duas forças antagônicas atuam na demanda interna. De um lado, o contexto macroeconômico favorável ao consumo. Este conta com inflação sob controle, desemprego em queda e renda em alta. E, do outro lado, nível elevado de juros e famílias ainda com patamar expressivo de endividamento. No entendimento do especialista, a cada mês essas duas forças “lutam”. E, no mês passado, quem “venceu” foi o desejo de consumir, fortalecido por ideia de emprego e renda ainda relevantes, ressaltou Calvelli.
“Essas duas forças, elas são muito fortes e sempre uma contrária à outra. É sempre difícil a gente ter certeza de qual que vai ganhar”, afirmou.
Entretanto, é inegável que o mês de outubro contou com a vitória do consumo interno em alta, ressaltou. Essa constatação é comprovada em outro indicador da Stone, acrescentou. No mês passado, continuou o especialista, a Stone fez mapeamento de vendas em outro produto da empresa, o “Pagar.me”. Essa plataforma é um meio de pagamento para vender on-line. Nela, informou o técnico responsável pelo índice, as vendas nesse canal digital subiram 3,2% ante setembro, com elevação de 4,9% ante outubro do ano passado.
Um outro aspecto que comprova bom momento de consumo e, por consequência, de vendas do varejo em outubro, foi mapeamento por setores dentro do indicador da Stone. Em oito segmentos analisados pelo índice, cinco apresentaram alta em outubro ante setembro e, na comparação com outubro do ano passado, todos registraram expansão em vendas. Entre destaques citados por ele, estão aumentos em material de construção (5,1%) e tecidos, vestuário e calçados (1,8%).
O desempenho até outubro do comércio, na ótica do indicador, também sinaliza alta anual de vendas no comércio, em 2024 ante ano anterior, acrescentou Calvelli. No ano passado, as vendas do varejo restrito, computadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiram 1,7%. “E ainda teremos a Black Friday [semana promocional de vendas no comércio] em novembro e as vendas de Natal em dezembro”, recordou, a citar dois dos principais períodos de faturamento do varejo no país.
Ao ser questionado se recente ciclo de aperto monetário, iniciado pelo Banco Central (BC) no segundo semestre, poderia frear o avanço das vendas do varejo em horizonte de médio e longo prazos, o especialista foi cauteloso. O BC elevou na semana passada a Selic, a taxa básica de juros e que norteia juros de mercado, em 0,5 pont percentual, para 11,25%. Mas o técnico ponderou que o varejo é muito diversificado. Alguns setores são mais dependentes de crédito do que outros, notou. “Existe impacto [da alta de juros no comércio], mas acho que será mais limitado”, disse.
O Índice de Atividade Econômica Stone Varejo é uma iniciativa da Stone, empresa de tecnologia e serviços financeiros, com o Instituto Propague. O indicador tem como base a metodologia proposta pelo time de Consumer Finance do Federal Reserve Board (Fed, BC dos EUA), que idealizou um modelo de indicador econômico similar nos EUA. São consideradas as operações via cartões, voucher e Pix dentro do grupo StoneCo.
Fonte: Valor Econômico

