Montante não inclui possíveis aquisições que possam ser feitas ao longo do ano
Por Cibelle Bouças — De Belo Horizonte
03/02/2023 05h01 Atualizado há uma hora
A indústria farmacêutica brasileira União Química e o International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, assinaram na quinta-feira (2) empréstimo de R$ 330 milhões (US$ 65 milhões), que será usado em expansão de fábricas, geração de energias renováveis e projetos de governança corporativa. O empréstimo é com garantias e tem prazo de oito anos.
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A fabricante tem previsto para este ano R$ 600 milhões em investimentos, sem incluir aquisições. De janeiro a setembro de 2022, a União Química registrava saldo de investimento de R$ 872,7 milhões, ante R$ 758,1 milhões no ano todo de 2021. “Se não houver nenhuma aquisição o investimento será em torno de R$ 600 milhões. Mas a gente sempre avalia oportunidades para crescer e gerar de empregos”, afirmou Fernando Marques, presidente da União Química.
A companhia já havia anunciado investimento de R$ 200 milhões com recursos próprios para expandir em 130% a capacidade da fábrica de Pouso Alegre (MG), que faz produtos hospitalares, oftalmológicos e hormonais.
Do valor total concedido pelo IFC, metade será usada para modernizar fábricas e impulsionar a produção de vacinas e medicamentos. “Nossa ideia é entrar no sistema internacional de vacinas para atender as necessidades da Opas [Organização Pan-Americana da Saúde da OMS]. Já temos cartas de intenção com desenvolvedores internacionais de vacinas para transferência tecnológica”, afirmou Marques. O objetivo é fornecer imunizantes para o Brasil e outros países da América Latina.
A União Química e o IFC ainda avaliam as vacinas com demandas mais relevantes na região para definir o portfólio de imunizantes a ser produzido.
“Essa operação foi negociada por alguns meses exatamente para ampliar a produção de medicamentos e vacinas na América Latina. É um setor muito estratégico para o IFC. Também vamos apoiar a empresa em algumas áreas, como aprimoramento na política de governança corporativa”, afirmou Carmen Valéria de Paula, diretora de investimentos responsável por investimentos em saúde e educação na América Latina do IFC.
Segundo a diretora, o IFC já investiu mais de R$ 9 bilhões no mundo em 261 projetos na área de saúde. No ano fiscal de 2022, encerrado em junho do ano passado, o IFC desembolsou US$ 4,4 bilhões ao todo em projetos no Brasil, aumento de 27,5%. Na área de saúde foram investidos US$ 186 milhões. “Teremos outros projetos aprovados no país nos próximos meses. O total investido neste ano fiscal pode até ultrapassar os US$ 4,4 bilhões”, disse.
Outra área focada pelo IFC são os investimentos em descarbonização das indústrias. A União Química vai investir em torno de 50% dos recursos vindos do IFC na instalação de usinas de geração de energia fotovoltaica. O objetivo é adotar 100% de energia de fontes renováveis em suas unidades. A empresa possui nove plantas no Brasil e uma nos Estados Unidos.
“Vamos implantar algumas usinas de geração de energia fotovoltaica em terrenos que não são agricultáveis. Ainda estamos fechando o número final de usinas”, afirmou Marques. O executivo disse que essas usinas devem gerar energia em quantidade superior à demanda das fabricas da União Química. O excedente, segundo Marques, será disponibilizado para venda no sistema de geração distribuída.
A expectativa da companhia é investir todo o recurso do IFC ao longo deste ano. Marques disse ainda que fará investimentos com recursos próprios em 2023, mas não informou o valor. A companhia ainda não divulgou o balanço de 2022. A União Química estima ter atingido receita líquida de R$ 4 bilhões em 2022, ante R$ 3,3 bilhões em 2021, aumento de 20%.
Fonte: Valor Econômico
