As famílias da União Europeia devem estocar suprimentos essenciais para sobreviver por pelo menos 72 horas em uma situação de crise, propôs a Comissão Europeia, diante da guerra da Rússia na Ucrânia e de um cenário geopolítico cada vez mais sombrio, o que leva o bloco a adotar novas medidas para reforçar sua segurança.
O conflito contínuo na Ucrânia, a pandemia de Covid-19 — que expôs de forma brutal a falta de capacidade de resposta a crises — e a postura hostil do governo Trump em relação à Europa obrigaram o continente a repensar suas vulnerabilidades e aumentar os gastos com defesa e segurança.
A nova iniciativa surge no momento em que agências de inteligência europeias alertam que a Rússia poderia atacar um Estado-membro da UE dentro de três a cinco anos, somando-se a outras ameaças naturais como enchentes e incêndios florestais, agravadas pelas mudanças climáticas, e riscos sociais como crises financeiras.
A Europa enfrenta ameaças crescentes, “incluindo a possibilidade de agressão armada contra Estados-membros”, alertou a Comissão Europeia nesta quarta-feira, ao publicar um plano com 30 ações para que os 27 países do bloco aumentem sua preparação para crises e medidas de mitigação.
“As novas realidades exigem um novo nível de preparação na Europa”, afirmou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen. “Nossos cidadãos, nossos Estados-membros e nossas empresas precisam das ferramentas adequadas para agir tanto na prevenção de crises quanto para reagir rapidamente quando um desastre acontece.”
A iniciativa de Bruxelas, que inclui medidas concretas a serem adotadas pelo executivo da UE e recomendações não legislativas aos governos nacionais, se inspira em políticas de resposta a crises já consolidadas em países como Finlândia, Suécia e Bélgica.
Ela também serve como um alerta para algumas capitais que ainda não possuem capacidade adequada de resposta a crises.
Além de incentivar “o público a adotar medidas práticas, como manter suprimentos essenciais para no mínimo 72 horas em situações de emergência”, a Comissão propõe a criação de um “centro de crises da UE” para coordenar respostas entre fronteiras.
O plano também prevê o aumento dos “estoques de equipamentos e materiais críticos” e a adoção de medidas para garantir a continuidade de serviços como saúde, abastecimento de água e telecomunicações em caso de conflito ou desastre.
A iniciativa segue os alertas feitos por Sauli Niinistö, ex-presidente da Finlândia, em um relatório encomendado pela UE e publicado em outubro, no qual afirmou que a Europa passou a considerar sua segurança como algo garantido desde o fim da Guerra Fria e agora se encontra vulnerável.
“Estamos enfrentando um número crescente de desafios externos à segurança e de ataques híbridos”, afirmou Kaja Kallas, vice-presidente da Comissão para política externa e de segurança. “Está claro que a Europa precisa ser mais forte em todas as frentes e em todos os níveis da sociedade. É sempre melhor prevenir crises do que lidar com suas consequências.”
Fonte: Financial Times
Traduzido via ChatGPT

