Por Warren P. Strobel e Michael R. Gordon, Dow Jones — Washington
12/09/2022 14h28 Atualizado há 12 horas
Com suas tropas avançando para recuperar toda a região da província de Kharkiv, em um contra-ataque inesperado pelos ocupantes russo, a Ucrânia pediu ontem mais armas aos EUA e seus aliados.
Um documento compartilhado com congressistas dos EUA lista dezenas de tipos de armamentos que o governo ucraniano diz que precisará para pressionar sua ofensiva até 2023.
Os líderes ucranianos querem acesso a mais armas modernas, incluindo o Sistema de Mísseis Táticos do Exército dos EUA, ou ATACMS, que tem um alcance de mais de 300 km, para que possam sustentar suas posições, de acordo com um documento enviado a congressistas americanos e ao qual o diário “The Wall Street Journal” teve acesso. Kiev também inclui na lista 29 tipos de sistemas de armas e munições para “operações ofensivas”.
O governo da Ucrânia Kiev disse ter que recuperado quase todo o território no norte e ter se aproximado da fronteira russa. O presidente Volodymyr Zelensky acrescentou ontem que as forças ucranianas retomaram também vastas áreas no sul e no leste do país. “Os avanços de nossas forças continuam”, afirmou.
Os EUA, no entanto, estimam que a Ucrânia ainda enfrenta “uma luta muito dura” depois que as forças russas deixaram a maior parte do território que haviam tomado em Kharkiv. E acreditam que os russos estejam preparando ofensivas ainda mais duras em resposta ao avanço da Ucrânia.
Moscou, por seu lado, assegura que manterá sua invasão da Ucrânia até que “todos os objetivos militares sejam alcançados”. O Ministério da Defesa russo reconheceu que as tropas russas foram retiradas na região de Kharkiv, mas as autoridades evitaram chamar isso de retirada.
Analistas, porém, veem o revés russo como o maior desde que seus soldados foram forçados a reverter os planos de tomar Kiev — o que levou uma onda crescente de recriminações e caça aos culpados em Moscou. De acordo com os ucranianos, a contraofensiva em Kharkiv fez os russos fugirem do local abandonando vastos arsenais e depósitos de munições.
O governo do presidente Joe Biden, que despachou mais de US$ 15 bilhões em armas e outros tipos de ajuda de segurança para a Ucrânia, mas recusou-se a fornecer o Sistema de Mísseis Táticos do Exército devido a preocupações de que a Ucrânia poderia usá-lo para atacar o território russo, o que desencadearia um conflito mais amplo com o Ocidente.
A lista de pedidos da Ucrânia para “operações ofensivas” inclui 29 tipos de sistemas de armas e munições. Entre eles estão tanques, drones e sistemas de artilharia, assim como mais mísseis antinavio Harpoon e dois mil mísseis para o High Mobility Artillery Rocket System, ou Himars, que os Estados Unidos começaram a fornecer as forças ucranianas no início deste ano.
Questionado na sexta-feira sobre a relutância de Washington em dar à Ucrânia os mísseis de longo alcance, o secretário de Defesa, Lloyd Austin, disse que os EUA estão comprometidos em dar aos ucranianos o que eles precisam para derrotar as forças russas, mas disse que “não se trata apenas de uma arma ou de sistemas de armas em particular”.
“É sobre como você integra esses sistemas e como você integra os esforços de vários elementos disponíveis para criar efeitos que proporcionem vantagens aos ucranianos”, disse Austin em Praga ao lado da ministra da Defesa da República Tcheca, Jana Cernochova. “E estamos começando a ver isso.”
Na semana passada, Valerii Zaluzhny, comandante em chefe das forças ucranianas, e Mykhailo Zabrodsky, membro do Parlamento ucraniano e oficial militar sênior, escreveram em uma declaração de estratégia que mísseis de longo alcance dariam a Kiev uma vantagem significativa em sua contraofensiva. A Rússia tem mísseis de cruzeiro de longo alcance que superam muito os sistemas usados pelas forças ucranianas, segundo eles.
“A única maneira de mudar radicalmente a situação estratégica é, sem dúvida, que as Forças Armadas da Ucrânia lancem vários contra-ataques consecutivos e, idealmente, simultâneos durante a campanha de 2023”, escreveram.
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse ao “The Wall Street Journal” em julho que seu país precisa dos mísseis de longo alcance americanos porque a Rússia tem sistemas de lançamento de múltiplos foguetes de longo alcance. Ele disse que seu país “passou no teste” com o uso bem-sucedido do Himars, que tem um alcance próximo a 64 km.
Fonte: Valor Econômico

