Por Isabel Coles, da Dow Jones Newswires — Nova York
12/05/2023 10h36 Atualizado há 42 minutos
O governo da Ucrânia disse que as tropas de Kiev obtiveram avanços na frente de batalha de Bakhmut, em um momento em que os ucranianos buscam virar a maré do confronto que acontece na cidade depois de meses na defensiva.
O contra-ataque ucraniano em torno de Bakhmut aconteceu quando Kiev se prepara para enviar tropas treinadas e armadas pelo ocidente para uma contraofensiva com o objetivo de desalojar as forças russas do território que ocuparam no sul e no leste do país.
O Ministério da Defesa da Rússia negou que as forças ucranianas tenham rompido as linhas defensivas em torno de Bakhmut, mas disse que houve combates na vila de Malo Ilyinovka, que fica a leste de onde costumava estar a linha de frente russa.
Dentro da cidade, a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar, disse que as forças ucranianas não cederam posições na semana passada e avançaram 2 quilômetros nos últimos dias. As forças ucranianas estão controlando os distritos ocidentais da cidade e lutando para preservar a última rota de abastecimento ao oeste após meses de ataques russos.
Apesar das grandes perdas, Kiev se comprometeu a defender a cidade como um meio de desgastar as forças russas e ganhar tempo para se preparar para a própria ofensiva, que deve alterar os rumos da guerra.
A Rússia sofreu dezenas de milhares de baixas na batalha, que começou no 2º semestre de 2022. A Ucrânia também sofreu grandes perdas nos combates em torno de Bakhmut, embora os comandantes digam que as baixas são muito menores do que as dos russos.
A batalha prolongada por Bakhmut ampliou uma rixa entre as forças armadas da Rússia e a organização paramilitar Grupo Wagner, que está liderando a ofensiva no local. Na semana passada, o fundador do Wagner, Yevgeny Prigozhin, ameaçou retirar suas forças das posições de linha de frente na cidade dentro de dias, a menos que o Ministério da Defesa enviasse mais munição, culpando a escassez de materiais pela morte de centenas de homens.
Mais tarde, Prigozhin recuou do ultimato, mas alertou sobre uma ameaça iminente das forças ucranianas nos flancos russos, que são controlados pelos militares.
Em uma carta de 11 de maio, Prigozhin convidou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, a visitar a cidade, que ele disse estar quase totalmente sob o controle das forças do Wagner.
“Unidades do ‘Wagner’ controlam mais de 95% do assentamento de Bakhmut e continuam a ofensiva pela libertação completa da cidade”, escreveu Prigozhin na carta, publicada na sexta-feira no Telegram.
Prigozhin pareceu insultar Shoigu, dizendo que as forças ucranianas conseguiram lançar uma série de contra-ataques bem-sucedidos contra as forças armadas russas, posicionadas nos flancos das tropas do Wagner.
“Considerando a difícil situação operacional, bem como os muitos anos de experiência em operações de combate, peço que venha ao território do assentamento… que está sob o controle de unidades paramilitares russas e avalie independentemente a situação atual,” disse Prigozhin.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em entrevista na quinta-feira que os militares precisam de mais tempo antes de iniciar a contra ofensiva para evitar grandes baixas. Mas a Ucrânia já parece estar preparando o terreno com sabotagem e ataques a locais de armazenamento de combustível e outros pontos logísticos militares.
Uma explosão abalou o centro de Melitopol na sexta-feira, disse o prefeito Ivan Fedorov, o mais recente de uma série de ataques na cidade ocupada pela Rússia que pode estar no caminho da esperada ofensiva da Ucrânia.
Fonte: Valor Econômico

