O Federal Reserve (Fed) reduzirá juros em 2,75 pontos percentuais no ano que vem, quase quatro vezes mais do que o mercado precifica, segundo os estrategistas do UBS Investment Bank.
Um declínio contínuo da inflação permitirá ao banco central americano iniciar a redução já em março, com cortes grandes típicos de um ciclo de flexibilização monetária nos EUA, na visão dos estrategistas Arend Kapteyn e Bhanu Baweja.
“Não vemos por que desta vez seria tão diferente”, disse Baweja em entrevista no escritório do UBS em Londres. “A inflação está se normalizando rapidamente e, quando chegarmos em março, o Fed estará olhando para taxas reais muito elevadas.”
Os estrategistas esperam que a taxa básica caia para entre 2,5% e 2,75% até o final de 2024, e chegue a 1,25% no início de 2025. A previsão se baseia na expectativa de que a economia dos EUA entrará em recessão até o segundo trimestre.
Em contraste, os swaps de juros americanos precificam redução de apenas 0,75 ponto percentual em 2024, começando por volta de julho.
Kapteyn e Baweja apontam para ciclos de flexibilização ao longo das últimas três décadas, onde os bancos centrais do chamado G10, excluindo Japão, tenderam a reduzir juros em média em 3,2 pontos percentuais durante um período de 15 meses.
“Acreditamos que teremos um ciclo de corte normal”, disse Kapteyn. “Todos os bancos centrais — exceto o Japão — flexibilizarão muito mais do que os mercados estão precificando.”
No mercado global de câmbio e juros, G10 se refere a dólar americano, euro, iene, libra, dólares canadense, australiano e da Nova Zelândia, franco suíço e coroas da Noruega e Suécia.
O UBS também tem uma visão que foge do consenso do mercado sobre a zona do euro, prevendo que a região conseguirá evitar por pouco uma recessão, o que permitiria ao Banco Central Europeu adiar a flexibilização monetária.
Baweja e Kapteyn esperam que o BCE inicie seu ciclo de cortes depois do Fed — a partir de junho — e reduza a taxa básica em apenas 0,75 ponto percentual. Os mercados precificam 1 ponto percentual de redução a partir de abril.
Embora a trajetória projetada para os juros do Fed possa enfraquecer o dólar e pressionar para baixo as taxas dos Treasuries americanos, Baweja prevê que o yield de 10 anos atinja uma mínima de 3,5% no próximo ano, com a queda limitada pelos volumes de emissão de dívida elevados dos EUA.
“Em um ciclo muito agressivo de queda de 275 pontos-base, vemos o yield de 10 anos caindo apenas cerca de 100 pontos-base”, disse ele.
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UBS — Foto: Michael Buholzer/Keystone via AP
Fonte: Valor Econômico

