Por Dow Jones — Istambul
07/02/2023 10h11 Atualizado há 14 horas
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou estado de emergência por três meses nas áreas do sul que foram atingidas por dois fortes terremotos na segunda-feira. Os tremores provocaram mais de 7,5 mil mortes e destruíram milhares de imóveis na região e no norte da Síria.
“A escala do terremoto, é claro, nos obriga a tomar certas medidas extraordinárias”, disse Erdogan na terça-feira em um discurso na televisão. “Estaremos cumprindo todos os procedimentos e formalidades necessárias de maneira célere”.
Neve, temperaturas abaixo de zero e estradas bloqueadas dificultaram os esforços para resgatar sobreviventes presos sob os escombros de prédios desmoronados no sul da Turquia e no norte da Síria.
Ajudas humanitárias de todo o mundo chegaram à Turquia na terça-feira para apoiar os esforços de resgate depois que um terremoto de magnitude 7,8 na manhã de segunda-feira foi seguido por um terremoto de magnitude 7,5 à tarde.
Desde então, o sul da Turquia sofreu com 285 tremores secundários, como alguns fortes o suficiente para causar o desmoronamento de outros edifícios, disse Orhan Tatar, funcionário da agência de gerenciamento de desastres do país. “A cada minuto novos tremores estão acontecendo”, disse ele.
Em algumas áreas, os civis escavaram os escombros com as próprias mãos para buscar entes queridos que gritavam sob os escombros. Sobreviventes foram retirados dos destroços de edifícios desmoronados durante a noite, incluindo um bebê e sua mãe presos por 29 horas na província de Hatay, no sul da Turquia.
Mas as estradas danificadas, como uma rodovia destruída que leva ao norte do epicentro do primeiro terremoto perto da cidade de Gaziantep, complicaram os esforços de socorro. Na Síria, mais de uma década de conflito civil criou divisões que frustraram a maioria dos que tentavam realizar resgates, com pouca ajuda vinda do governo do presidente Bashar al-Assad em áreas ainda sob controle rebelde.
Erdogan disse que o clima frio dificultou as operações de resgate. Fortes tempestades de neve atingiram partes de ambos os países antes do terremoto, e as temperaturas caíram abaixo de zero durante a noite.
O ministro da Agricultura e Florestas da Turquia, Vahit Kirisci, disse na terça-feira que as equipes de busca e resgate estavam lutando para encontrar vítimas, com as pistas do aeroporto danificadas demais para pousar, principalmente na província de Hatay, no extremo sul da Turquia.
“Decolamos de Ancara para ir a Hatay, mas fomos forçados a pousar em Adana e chegar a Hatay pela estrada”, disse ele em entrevista coletiva. “As equipes de busca e resgate e de ajuda técnica foram afetadas negativamente por tudo isso”.
Equipes de busca e resgate da Alemanha, Eslováquia e Rússia chegaram à cidade de Adana, no sul, que está se transformando em um centro logístico para esforços internacionais de resgate que depois são reconduzidos para áreas mais atingidas, enquanto as vítimas dessas áreas estão sendo enviados para outras cidades e províncias, segundo o vice-presidente turco Fuat Oktay.
As autoridades também estão trabalhando para restabelecer a energia nos locais onde o terremoto danificou a infraestrutura.
Os terremotos foram o pior evento sísmico da Turquia em décadas, abalando uma área ao redor de Gaziantep que abriga milhões de cidadãos turcos, sírios deslocados e refugiados.
O primeiro terremoto ocorreu às 4h17 da segunda-feira, no meio de uma tempestade de inverno, e causou destruição em uma faixa do país que se estende por centenas de quilômetros perto da fronteira da Turquia com a Síria. Pelo menos 3.432 pessoas morreram na Turquia, segundo o Ministério da Saúde do país, com mais de 20.534 feridos e mais de 5.600 prédios destruídos. Equipes de busca resgataram quase 2.500 pessoas presas sob escombros.
Erdogan disse esperar que o número de mortos e feridos aumente e declarou um período de sete dias de luto nacional.
Os terremotos podem causar até 10 mil mortes e danos iniciais de US$ 1 bilhão em perdas econômicas, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês). Essa estimativa é de um sistema automatizado que coleta dados sísmicos de sensores remotos. O USGS estima que o tremor secundário de magnitude 7,5 pode levar a perdas econômicas adicionais de US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão e entre 100 e 1.000 mortes.
Na Síria, o desastre abalou uma região do país que abriga milhões de pessoas deslocadas pela guerra civil local, muitas delas vivendo em acampamentos improvisados. Os terremotos ocorreram durante uma crise econômica na Síria e um surto de cólera.
Os terremotos na Síria mataram mais de 1.600 pessoas na região de Aleppo e em várias outras áreas do país, segundo a organização de Defesa Civil da Síria e o Ministério da Saúde, afiliado ao governo em Damasco.
Fonte: Valor Econômico

