Por Larissa Garcia, Valor — Brasília
05/12/2023 14h00 Atualizado há 13 horas
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou a estratégia do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa básica (Selic) em 0,50 ponto percentual por encontro “nas próximas reuniões”, mas disse que tudo pode ser reavaliado a cada decisão. Atualmente os juros estão em 12,25% ao ano.
“O que a gente tem dito nas comunicações é que entendemos que o ritmo de queda de 0,50 ponto percentual é adequado e vemos uma queda de 0,50 para as próximas reuniões, significa sempre duas reuniões à frente. Temos uma reunião agora do Copom, obviamente tudo pode ser sempre reconsiderado durante a reunião, mas a gente enxerga isso. Agora vamos analisar o cenário”, disse nesta terça-feira em almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), em Brasília.
Segundo ele, houve uma mudança “marginal” no cenário externo e no ambiente doméstico a inflação “está convergindo” para o que o BC espera. “Nesse último número, a inflação cheia saiu um pouquinho acima, mas no qualitativo tem sido benigno”, avaliou.
“Por ora a gente consegue seguir com esse espaço. A gente tem muita incerteza, o problema não é tanto o espaço, mas a incerteza”, disse. Campos ressaltou que “a batalha não está ganha e é preciso perseverar”. “A última milha é a parte mais difícil da corrida”, afirmou. Ele destacou que os juros no mundo estão altos. “Além do curto mais alto tem prêmio fiscal nos juros longos”, disse. “Na Inglaterra tem o pior dos mundos, com dados indicando desaceleração e outros com surpresa inflacionária ainda para cima. De forma geral estamos em desinflação mais lenta.”
Em relação ao fiscal, o presidente do BC ponderou que “ninguém hoje espera que governo vá fazer zero por cento de meta” em 2024. “Mesmo assim, a gente vê que teve pouca influência nas variáveis macroeconômicas, que é o que é importante para o Banco Central no dia a dia. É importante ter uma visibilidade do futuro”, defendeu.
Campos repetiu que não há “relação mecânica” entre as políticas monetária e fiscal, mas reforçou que um “desequilíbrio” nas contas públicas podem impactar variáveis que são importantes para o Copom. “[Com o fiscal pior] Começa a ter um prêmio de risco e uma inflação lá na frente maior. Quando a expectativa sobe, atrapalha o processo de convergência inflacionária”, afirmou, enfatizando que isso não só “impossibilita” o ciclo de queda de juros, como pode ter que “reagir”.
O titular do BC afirmou que o importante na política monetária “não é só os juros em si”, mas “a credibilidade que ela gera”. Para ele, o Brasil “tem se favorecido” no cenário internacional. “2023 foi um ano bem melhor do que eu esperava”, ressaltou. “O ano foi bom, o crescimento e o emprego surpreenderam. A inflação de serviços surpreendeu para baixo, isso abre espaço para cair juros e continuar perseguindo a convergência”, disse.
Fonte: Valor Econômico

