Por Financial Times
03/08/2022 05h02 Atualizado há 6 horas
Os mercados asiáticos geralmente ignoram visitas de políticos dos EUA abaixo do posto de secretário de Estado. Mas não quando o político é a manda-chuva democrata Nancy Pelosi e o destino em questão é Taiwan. Os índices caíram em Taiwan, Hong Kong e China. O dólar de Taiwan recuou para o menor patamar em dois anos.
Aviões de guerra chineses estão rugindo sobre o estreito de Taiwan. Os chips de silício aparecem nas tensões, assim como o aparato militar. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), a maior fabricante de chips da ilha, poderá ter de escolher entre manter laços com os EUA ou a China. Esse também é o dilema para Taiwan, cuja prosperidade se baseia no comércio entre o Oriente e o Ocidente.
O presidente da China, Xi Jinping, alertou seu colega dos EUA, Joe Biden, que “quem brinca com fogo pode se queimar”. Há temores reais de que a China possa tentar reivindicar a reunificação de Taiwan pela força, desencadeando um conflito com os EUA.
A polarização geopolítica é ruim para a pequena Taiwan. Sua influência nos negócios globais depende de fabricantes de chips como a TSMC, cuja importância estratégica foi multiplicada pela escassez mundial. Essas companhias produzem quase dois terços do fornecimento de chips do mundo. Nem China, nem EUA conseguiram igualar a capacidade de produção de Taiwan e Coreia do Sul.
O Congresso dos EUA, onde Pelosi é a presidente da Câmara dos Deputados, aprovou um programa federal de US$ 52 bilhões para reforçar a produção interna de chips. Os destinatários dos recursos incluem a TSMC, que está construindo uma fábrica no Arizona para produzir sofisticados chips de 5 nanômetros (nm). A condição para os subsídios é que o beneficiário não pode ampliar a produção chinesa de chips mais avançados que 28 nm – um benchmark da densidade dos processadores.
Isso é um problema para a TSMC. Ela já fabrica chips de mais de 16 nm na China. A Lei dos Chips impediria a companhia de modernizar suas instalações em Nanquim. A China está faminta por chips avançados. Reagiria mal a um embargo indireto dos EUA.
A TSMC está sentindo a tensão como um elemento fundamental entre a intenção das economias chinesa e americana de se separar. Suas ações caíram mais de 25% desde o pico alcançado em janeiro e estão sendo negociadas a 13 vezes os lucros estimados, um desconto de um quinto em relação à Intel dos EUA, que possui apenas instalações de testes e montagem de baixa tecnologia na China.
A pressão para a TSMC escolher um lado é relativamente sutil. Mas a demanda por chips está aumentando juntamente com as tensões globais. Mais cedo ou mais tarde, a China e os EUA apresentarão a compradores de chips a mesma escolha, mas de uma forma mais incisiva. E a resposta “as duas opções acima” não será viável.
Fonte: Valor Econômico
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