O presidente Donald Trump anunciou ontem que a China facilitará a obtenção, pela indústria americana, dos tão necessários ímãs e minerais de terras raras, abrindo caminho para a continuidade das negociações entre as duas maiores economias do mundo. Em troca, disse Trump, os EUA vão abandonar a ameaça de revogar os vistos de estudantes chineses nas universidades americanas.
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O comentário de Trump nas redes sociais ocorreu após dois dias de negociações comerciais de alto nível entre EUA e China em Londres.
Os detalhes ainda são escassos. Trump não especificou completamente quais concessões os EUA fizeram. Pequim não confirmou o que os negociadores concordaram, e o presidente chinês Xi Jinping e o próprio Trump ainda não assinaram o acordo.
O que Trump descreveu como um “acordo” é, na verdade, menos do que isso: é uma “estrutura” destinada a preparar o cenário para negociações mais substantivas.
E os próprios comentários de Trump criaram confusão sobre o que estava acontecendo com as tarifas sobre as importações chinesas, gerando incerteza sobre mais de US$ 660 bilhões em comércio bilateral.
Nas redes sociais, Trump declarou: “Estamos recebendo de uma tarifa total de 55%, a China está recebendo 10%. O relacionamento é excelente!” Mas um funcionário da Casa Branca, que não estava autorizado a discutir os termos publicamente e insistiu no anonimato para descrevê-los, disse que os 55% não eram um aumento na tarifa anterior de 30% sobre a China porque Trump estava incluindo tarifas pré-existentes, incluindo algumas remanescentes de seu primeiro mandato.
“Não temos ideia de quais são as regras”, disse Rick Woldenberg, CEO da empresa de brinquedos educativos Learning Resources, que participa de uma ação judicial que contesta a autoridade de Trump para impor as tarifas.
Em uma publicação subsequente nas redes sociais, Trump disse que ele e Xi “vão trabalhar juntos para abrir a China ao comércio americano”. Isso seria uma grande VITÓRIA para ambos os países!!!”
A estrutura surgiu na noite de terça-feira em Londres, após intensas negociações envolvendo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o Representante Comercial, Jamieson Greer. Liderando a delegação chinesa estava o vice-Premiê He Lifeng.
Para Dan Kritenbrink, que foi secretário de Estado adjunto para Assuntos do Leste Asiático e Pacífico no governo Biden, disse que a reunião em Londres produziu “uma trégua frágil”. “Ambos os lados demonstraram agora que sabem onde estão os pontos fracos um do outro”, disse Kritenbrink, agora sócio do Asia Group. “Eles demonstraram que ambos têm influência e ferramentas que podem usar para infligir danos um ao outro.”
Os chineses sabem que, quando se trata de terras raras, “podem abrir e fechar a torneira à vontade… Eles realmente têm uma influência incrível sobre os EUA na economia global com terras raras, e não têm medo de usá-la.”
Ainda assim, ele saudou o cessar-fogo de Londres porque “a alternativa é nenhuma trégua e uma guerra na cadeia de suprimentos que ameaça não apenas as economias dos EUA e da China, mas também a economia global”.
Danny Russel, vice-presidente de segurança internacional e diplomacia do Asia Society Policy Institute, disse que a mais recente campanha de pressão de Trump sobre a China parecia “estar terminando com um gemido, não com um estrondo”.
“Os EUA descobriram que precisavam recuar nas restrições que acreditavam que gerariam influência”, disse ele, “e em troca, recebem só uma promessa dos chineses de distribuir minerais essenciais um pouco mais rápido”.
Veronique de Rugy, pesquisadora sênior do Mercatus Center da Universidade George Mason, classificou a trégua de Londres como “um acordo de aperto de mãos… Pode mudar a qualquer momento.”
Fonte: Valor Econômico