Na retomada de ofertas de dívida em dólar no exterior, o Tesouro Nacional captou US$ 1,75 bilhão com bonds e duas empresas brasileiras, Suzano e Rede D’Or, iniciaram apresentações a investidores para emitir papéis nos próximos dias.
Do volume total emitido pelo Tesouro, US$ 750 milhões correspondem à reabertura de papéis que vencem em 2030. O restante é uma emissão com prazo de 30 anos. A demanda chegou a US$ 4 bilhões, segundo fontes, garantindo a redução das taxas. O apetite dos investidores, porém, foi mais contido do que o visto na oferta anterior. Em junho, a demanda foi quase quatro vezes maior que os US$ 2,75 bilhões emitidos.
As taxas ficaram em 5,2% na emissão mais curta e 7,5% na longa — abaixo das indicadas inicialmente, de 5,45% para o papel de cinco anos e de 7,75% para o de 30 anos.
Foi a terceira oferta de títulos soberanos do país desde o início do ano. Nas operações anteriores, foram captados, no total, US$ 5,25 bilhões. Em nota, o Tesouro disse que a emissão visa dar continuidade à estratégia de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo. Os recursos servirão também para antecipar o refinanciamento de vencimentos em moeda estrangeira. A operação foi liderada por Bank of America (BofA), Itaú BBA e J.P. Morgan.
Ao menos mais dois nomes nacionais devem concluir ofertas nesta semana. A Suzano pretende emitir títulos de dez anos e usar os recursos para financiar uma oferta de recompra e para o resgate antecipado integral de bonds com vencimento em 2026 e 2027. A Rede D’Or busca papéis com o mesmo prazo, após cinco anos sem emitir um título no exterior.
A janela de emissões reabriu com o fim das férias de verão no Hemisfério Norte. Segundo banqueiros de investimento, o momento combina forte apetite dos investidores estrangeiros, que buscam papéis prefixados para compor o portfólio, e a necessidade de captação de emissores que pretendem recomprar títulos ou que buscam se antecipar às eleições presidenciais em 2026.
O movimento forte deve se repetir em outros países latino-americanos. A mineradora chilena Antofogasta emitiu US$ 600 milhões e a empresa de energia Colbum, também do Chile, iniciou apresentações.
A projeção de bancos é que o volume de operações de nomes brasileiros, hoje em US$ 23 bilhões, atinja US$ 30 bilhões até o fim do ano.
Fonte: Valor Econômico

