16 Nov 2023
Bancos de investimento, responsáveis por fazerem as captações de empresas e por assessorar negócios de fusões e aquisições, tiveram forte crescimento nas receitas no terceiro trimestre, com companhias voltando a fazer negócios e captações no mercado de capitais, após um primeiro semestre apático por causa do escândalo contábil da Americanas. Mas essa retomada não impedirá um 2023 mais fraco que outros períodos, com o mercado ainda retraído diante dos juros altos, e o segundo ano consecutivo sem nenhuma oferta inicial de ação (IPO, na sigla em inglês) na B3. A expectativa é de que um retorno mais efetivo das aberturas de capitais só ocorra a partir de 2024 e ainda depende de um cenário mais claro em relação aos juros.
Emissão de R$ 7 bi da Eletrobras ajudou
No terceiro trimestre, grandes emissões de renda fixa, principalmente de debêntures, ajudaram a aquecer os negócios. Uma das maiores captações no período foi a da Eletrobras, que emitiu R$ 7 bilhões em debêntures em setembro, com a demanda dos investidores chegando a R$ 13 bilhões.
Bradesco BBI teve avanço de 114%
O Bradesco BBI participou da coordenação de 78 transações de renda fixa, com volume de R$ 86 bilhões. No banco, as receitas com a assessoria financeira saltaram 114% no trimestre. “Tiveram grandes operações”, afirmou o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, em entrevista coletiva.
- FUSÕES. No BTG Pactual, as receitas de banco de investimento aumentaram 93% no terceiro trimestre, ajudadas pelo crescimento da emissão de títulos de dívida e assessoria nas fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês). Só nesse tipo de negócio, o crescimento foi de 3,5 vezes, com uma movimentação financeira de US$ 2,2 bilhões.
- PÉ NO FREIO. Para o banco, o segundo e o terceiro trimestres devem ser os melhores de 2023. Os primeiros três meses do ano foram totalmente parados por causa da Americanas. O presidente do BTG, Roberto Sallouti, disse que o que está mapeado em novas ofertas de títulos de dívida no restante de 2023 indica volume abaixo do terceiro trimestre.
- PRIVATIZAÇÃO. Nas ofertas de ações, a principal do ano foi a que privatizou a Copel, empresa de energia elétrica do Paraná, e que movimentou R$ 5,2 bilhões em agosto. Grandes empresas, como BRF, de alimentos, a construtora MRV e a Localiza fizeram ofertas subsequentes (follow-on).
- JEJUM. Na operação que dá mais receita para os bancos e ganha mais destaque na imprensa, o IPO, o jejum continuou – o último na B3 foi em agosto de 2021. “Talvez para o ano que vem vejamos reabertura no mercado de ações”, afirmou o presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho.
- ESTÁ RUIM. Também na expectativa da retomada das ofertas iniciais de ações, o presidente do Santander Brasil, Mario Leão, acredita que 2024 será mais positivo do que 2023, ano em que o banco espanhol reestruturou a área no Brasil, com várias contratações.
- REFORÇO. A oferta de títulos incentivados deve voltar a crescer em 2024, por conta de estratégias que estão sendo trabalhadas por gestores de fundos exclusivos, que devem perder a isenção de Imposto de Renda. A movimentação em torno de alternativas que tragam eficiência fiscal já começou, segundo o presidente da Sul-América Vida, Previdência e Investimentos, Marcelo Mello.
- MIGRAÇÃO. O investidor vai se reposicionar em incentivados, fundos de ações e fundos imobiliários, em um movimento de cisão dos fundos exclusivos. Para Mello, os incentivados vão ser beneficiados nesse reposicionamento. Por isso, ele prevê que o volume de ofertas – que perdeu impulso neste semestre – seja retomado no primeiro semestre de 2024.
- BALANÇO. As ofertas de produtos incentivados como debêntures, certificados de crédito do agronegócio e imobiliário somaram R$ 90 bilhões de janeiro a setembro. Nos quatro primeiros meses deste ano, o mercado ficou praticamente paralisado pela recuperação judicial de Americanas e Light.
Fonte: O Estado de S. Paulo

