A crise entre o governo e o Congresso voltou a escalar com o anúncio do rompimento das relações políticas entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ). A ruptura veio poucos dias depois de o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), dizer a interlocutores que não tratará mais com o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA).
O aprofundamento da crise ocorre em um momento em que o governo federal precisa acelerar a tramitação de projetos estratégicos na área de segurança pública e da pauta econômica, além de conseguir impedir que a oposição emplaque uma proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro. O Planalto precisa também evitar que o Legislativo aprove pautas-bomba. Segundo o Valor apurou, lideranças do governo avaliam que ainda não foram queimadas todas as pontes com a cúpula do Congresso, havendo algum espaço para diálogo. No Planalto, discute-se a necessidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter de atuar para melhorar a desgastada relação. O presidente está fora do país desde a semana passada por conta do G20.
Alcolumbre ficou muito incomodado com a forma pela qual Wagner conduziu as tratativas para a indicação de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do Senado entende que o líder petista trabalhou nos bastidores contra a indicação do senador Rodrigo Pacheco, seu nome favorito, que acabou preterido do cargo pelo advogado-geral da União, Jorge Messias.
Na Câmara, o desgaste entre Motta e Lindbergh teria começado a ganhar corpo na votação da PEC da Blindagem, quando o governo surpreendeu o Centrão ao se posicionar enfaticamente contra o texto. Também tem irritado muito o presidente da Câmara a conduta do petista de acionar com frequência o STF para buscar reverter decisões dos deputados. Próximo de Motta, um importante representante do Centrão disse que a crise com o líder do PT não significa, necessariamente, uma cisão com o Palácio do Planalto.
Fonte: Valor Econômico

