O tarifaço imposto por Donald Trump contra o Brasil, em vigor desde o início deste mês, somado ao vaivém em torno das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), impulsionou a busca por investimentos nos Estados Unidos, segundo a Webull, plataforma global de investimentos.
A empresa registrou um aumento de 300% no volume de negociações para ativos norte-americanos em agosto, indicando maior atividade dos investidores a partir da entrada em vigor das tarifas. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela própria plataforma, com base na movimentação de sua base de clientes.
O levantamento também apontou um crescimento de 45% na média dos valores depositados nos quatro meses após as mudanças no IOF. Além disso, a frequência de redepósitos (depósitos frequentes) vem crescendo em ritmo superior ao de novos aportes — sinal de que os brasileiros não apenas diversificaram, mas também intensificaram a regularidade dos investimentos lá fora.
O que tem impulsionado o movimento?
De acordo com Fabio Trevisan, diretor de marketing da Webull, o investidor brasileiro é mais motivado pelo medo do que pela estratégia. Em momentos de incerteza local, como a imposição de tarifas e o ‘”IOF Day“, cresce o envio de recursos para os EUA. Esse último, inclusive, registrou um “movimento assustador”, segundo Fabio Macedo, diretor de operações da plataforma.
Apesar disso, Macedo ressalta que a Selic no patamar atual (15%) ainda é um forte concorrente dos investimentos no exterior. “O que concorre com a Selic é o medo. Os picos que vimos mostram que as pessoas pensaram: ‘preciso me proteger’”, afirma.
Outros fatores que pesam na decisão de investir fora incluem:
- Diversificação de carteira: busca por setores inovadores, como inteligência artificial, tecnologia, fundos temáticos, ETFs (fundos que replicam índices) de dividendos e REITs (fundos imobiliários dos EUA).
- Rentabilidade superior: o mercado norte-americano tem histórico de desempenho acima do brasileiro.
Segundo o levantamento, os produtos mais procurados pelos brasileiros nos EUA foram:
- Conta remunerada em dólar;
- Ações de Big Techs e marcas globais, como Google, Amazon, Meta, Apple, além de empresas presentes no dia a dia dos brasileiros, como Nike, Inter, Nubank e Netflix;
- ETFs e REITs.
Segundo a Webull, para o próximo trimestre, os destaques devem continuar sendo ações de tecnologia como carro-chefe para os investidores; ETFs de Índice, de renda fixa, de dividendos e ouro; além de criptomoedas, que devem ter maior ascensão com a expectativa de redução da taxa de juros americana, o que deve gerar aumento na busca por ativos de risco.
Fonte: Valor Investe

