Dermacyd é a marca global de sabonetes íntimos da francesa Sanofi; a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprovou a operação sem restrições
Por Beatriz Olivon, Valor — Brasília
27/06/2023 19h25 Atualizado há 8 horas
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG/Cade) aprovou sem restrições a compra do Dermacyd, marca global de sabonetes íntimos da francesa Sanofi, pela EMS. O valor da operação foi de cerca de 66 milhões de euros (R$ 366 milhões ao câmbio atual).
Com a aquisição, a empresa do Grupo NC, mais conhecida pelos genéricos, avança em sua estratégia de ganhar força em medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês) e de internacionalização dos negócios.
A transação depende do aval de autoridades antitruste em outros países. A operação envolve propriedade intelectual, comercialização e fabricação de um portfólio de 17 produtos da linha na América Latina. O Dermacyd é líder no Brasil com 28% de participação em valor de vendas. O produto também tem presença relevante no México, no Peru e na Argentina, onde é vendido sob a marca Lactacyd, que também foi comprada pela Globe Pharma, do Grupo NC, o mesmo controlador da EMS.
A notificação apresentada ao Cade refere-se à aquisição dos ativos da Dermacyd presentes no Brasil pela EMS, já que não há comercialização da marca Lactacyd no Brasil.
De acordo com a SG, os produtos poderiam se encaixar nas classificações de itens para higiene íntima, em que não haveria sobreposição, e de produtos para banho e de produtos de higiene e beleza específicos para crianças e bebês.
Ao julgar uma operação realizada entre Avon e Natura, foi observado que a jurisprudência do Cade não é uníssona quanto ao segmento de sabonetes ser considerado como um mercado único, que engloba todos os tipos de sabonetes . Em alguns casos, a autoridade considerou o mercado como todo e, em outros, analisou outros subsegmentos dentro de produtos para banho.
Contudo, segundo a SG, as participações das empresas seriam reduzidas quando se analisa o mercado sem segmentação. O percentual de participação conjunta seria menor do que 20%, nos cenários em que há sobreposição horizontal — em produtos para banho e em produtos para higiene infantil. O limite segue o esperado pelo Cade.
Em relação às integrações verticais, o Grupo NC não fabrica os princípios ativos utilizados na fabricação dos produtos Dermacyd. Portanto, não haveria integrações verticais efetivas no Brasil em relação à produção do Dermacyd.
Possível integração vertical entre a armazenagem e distribuição de medicamentos e produtos farmacêuticos pelo Grupo NC e a marca de sabonetes íntimos Dermacyd também não seria possível, de acordo com a SG, porque hoje a logística do grupo tem atuações primordialmente voltadas para medicamentos e não prestam serviços para terceiros.
Para a SG, a operação não levanta maiores preocupações em termos concorrenciais, em função das baixas participações de mercado detidas. Por isso foi aprovada sem restrições.
Se não houver questionamento por parte de concorrentes ou de algum conselheiro do Cade nos próximos quinze dias a operação será considerada definitivamente aprovada pelo Conselho.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/9/D/Txh5XzQhiemJ8s6hYm0g/dermacyd-marca-de-sabonetes-intimos-da-sanofi-que-foi-comprada-no-brasil-pela-ems-facebook-dermacyd-oficial.jpg)
Dermacyd, marca de sabonetes íntimos da Sanofi que foi comprada, no Brasil, pela EMS — Foto: Facebook/@Dermacyd Oficial
Fonte: Valor Econômico