O evento de comemoração dos 15 anos da SPX Capital, realizado na noite de ontem na Faria Lima, escancarou a atenção que o mercado tem dado à eleição presidencial de 2026.
Não chega a ser uma novidade. Desde janeiro, o cenário eleitoral entrou de vez nas conversas privadas e até mesmo em entrevistas em ‘on’ de participantes do mercado.
No entanto, ainda que os debates sobre o tema sejam feitos todos os dias e a cada nova notícia, há, de forma geral, uma visão de equilíbrio na disputa do próximo ano, ao mesmo tempo em que tem emergido um consenso de que, ao menos neste momento, a eleição ainda não começou a entrar, de fato, no preço dos ativos brasileiros.
Na pesquisa pré-Copom feita pela XP com 63 participantes do mercado, a expectativa sobre quando a eleição começará a ser precificada nos ativos domésticos tem sido adiada de forma constante. No levantamento divulgado ontem à noite para clientes, a XP aponta que, para 46% dos entrevistados, a eleição deve se tornar o principal “trigger” para o mercado somente no segundo trimestre do próximo ano, enquanto 40% avaliam que isso se dará no primeiro trimestre de 2026.
Apesar disso, as discussões sobre o cenário eleitoral continuam protagonistas na Faria Lima, como provou, ontem, o presidente do conselho da SPX, Rogério Xavier.
O executivo tem visto assimetria na eleição do próximo ano e aposta em uma alternância de poder, não escondendo a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Os ativos no dia seguinte [a uma vitória] do Tarcísio explodem. Vocês não têm noção da quantidade de investimento represado que há no Brasil”, disse Xavier à plateia presente no evento.
“O juro a 14%, 15%, 17% vai ser irrelevante porque o dinheiro que for chegar para infraestrutura vai ser tão grande, que esse dinheiro de ‘motel’, que passa a noite aqui e vai embora, vai desaparecer no meio disso. Vamos dar espaço para o dinheiro que desenvolve o país, substituindo o dinheiro de curto prazo.”
Por outro lado, no caso de uma reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele avalia que o Brasil não terá “uma morte súbita”, mas “uma morte segura, contínua”.
Mais vocal que a média do mercado em relação ao cenário político, Xavier ajudou a reforçar a sensação de atenção máxima dos investidores à eleição.
Embora em cartas de gestoras de recursos o tema tenha sido rebaixado a segundo plano — ao contrário do observado em julho, antes do “tarifaço” de Donald Trump —, as movimentações na Faria Lima e no Leblon já começaram, com a contratação de institutos de pesquisa e de consultorias políticas para uma eleição que, na visão geral dos mercados, tende a gerar cenários binários para os preços dos ativos.
Por ora, os mercados locais continuam a exibir um desempenho bastante positivo, ancorado no exterior mais aberto para os emergentes.
Em condição de anonimato, o diretor de um banco de investimentos se alinha a Xavier, ao dizer que, se houver uma “eleição positiva”, o caminho para um rali dos ativos brasileiros está dado. Resta saber o que acontece se não houver uma “eleição positiva” na visão do mercado ou se o caminho for bem mais volátil e ruidoso até outubro de 2026.
Fonte: Valor Econômico

