15 Jun 2023 GABRIEL BUENO DA COSTA e MATEUS FAGUNDES/SÃO PAULO e FERNANDA TRISOTTO/BRASÍLIA
A agência internacional de classificação de risco S&P Global revisou de estável para positiva a chamada perspectiva para a nota de crédito do Brasil (mantida em BB-). Em comunicado, a agência diz que a mudança reflete uma maior certeza de estabilidade na condução da política fiscal e monetária – o que poderia beneficiar “as perspectivas ainda baixas de PIB do Brasil”.
O rating (ou nota de crédito) é o resultado da avaliação de uma agência de classificação de risco sobre a qualidade de um título de dívida emitido por uma empresa ou país. Ele indica, portanto, se o emissor é um bom ou mau pagador e quais as chances de acontecer um calote daquela dívida.
No caso da S&P, o Brasil ainda está distante de reconquistar o grau de investimento (perdido em 2015), mas a revisão da perspectiva foi vista no mercado como uma chancela importante, já que um grande número de fundos de pensão e de investimento se pauta por essas avaliações.
O anúncio foi comemorado por integrantes da equipe econômica do governo, e acelerou o movimento de queda do dólar e de alta da Bolsa que já estava em curso depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve as taxas de juros inalteradas no país (mais informações na pág. B3).
O dólar fechou o dia em R$ 4,80 (queda de 1,14%), enquanto a B3 terminou em 119 mil pontos (alta de 1,19%), maior patamar desde 21 de outubro.
A S&P afirmou que o crescimento continuado da economia brasileira, mais o arcabouço fiscal em negociação no Congresso, podem levar a um endividamento menor do que o esperado pelo mercado, e apoiar a redução dos juros internos e atrair maior investimento externo.
A agência acrescentou, porém, que poderá voltar a rebaixar a perspectiva do rating, dentro de dois anos, se houver um arcabouço político inadequado ou com implementação fraca, que resulte em crescimento econômico limitado, levando a mais deterioração fiscal. Ressaltou que é “crucial” a aprovação “de reformas adicionais” – entre elas, a tributária.
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o anúncio representa um “processo” até o grau de investimento. “Com a aprovação da reforma tributária, vai vir uma mudança de degrau, vamos subir um degrau. O absurdo é nós não termos (o grau de investimento). Um País como o Brasil tem de ter.”
Ele falou ainda em trabalho compartilhado com Congresso e Judiciário, e voltou a cobrar o corte das taxas de juros. “Penso que a harmonia entre os Poderes tem contribuído para os resultados. Está faltando o BC se somar a esse esforço, mas quero crer que estamos prestes a ver isso acontecer”, afirmou o ministro. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC tem reunião na próxima semana para definir a nova Selic.” •
Cenário Agência espera novo arcabouço no curto prazo, mas vê desafios maiores para reforma tributária
Fonte: O Estado de S. Paulo

