Startups financiam procedimentos médicos e odontológicos por meio de crédito direto ao consumidor
Por Danylo Martins — Para o Valor São Paulo
07/04/2022 05h03 Atualizado há 6 horas
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Startups que oferecem produtos e serviços financeiros vêm ganhando força no mercado de saúde brasileiro. As soluções atendem tanto consumidores finais, quanto médicos e clínicas. Não há um número consolidado de fintechs com atuação no setor, mas um levantamento feito pela plataforma de inteligência de dados Sling, a pedido do Valor, indica que existem 14 empresas no segmento.
O potencial de crescimento desses negócios é grande, avaliam especialistas. Isso porque apenas um quarto da população brasileira está coberta por plano de saúde, de acordo com dados divulgados em janeiro pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O iClinic, software de gestão controlado pelo grupo educacional Afya, lançou em setembro do ano passado sua solução de pagamento, o iClinic Pay, a partir da tecnologia construída pela Medicinae Solutions – fintech também comprada pela Afya. O portfólio para clínicas e consultórios inclui maquininha de cartão por aproximação, link de pagamento, pagamento via WhatsApp e Pix.
Há, ainda, antecipação de recebíveis de cartões e das faturas de plano de saúde. “Quando olhamos toda a jornada do iClinic como software de gestão, indo do agendamento até a prescrição digital, estava faltando pagar e receber, e controlar isso”, explica Rafael Coda, líder da tribo de fintechs do iClinic e cofundador da Medicinae. O executivo não abre números do iClinic Pay, mas dados da Afya, referentes ao quarto trimestre, sugerem o potencial de uso: o iClinic tem uma base com cerca de 18 mil clientes pagantes, enquanto o ecossistema digital da Afya reúne 248 mil usuários ativos mensais.
Fundada em 2018, a Dr. Cash financia procedimentos médicos, odontológicos e oftalmológicos, por meio de crédito direto ao consumidor (CDC), em parceria com o banco BV. O modelo de negócio é B2B2C, ou seja, a fintech fecha acordo com clínicas, que disponibilizam o crédito ao cliente final. São 4 mil clínicas cadastradas na base, incluindo OdontoCompany, Emagresee, Boston Medical Group, Botoclinic, entre outras.
Desde o início do negócio, a Dr. Cash financiou R$ 110 milhões para 40 mil pacientes. Em março, a empresa fechou com R$ 12 milhões financiados, conta Gabriel Meireles, cofundador da startup. A expectativa é originar R$ 280 milhões em crédito neste ano, em CDC. Isso porque a fintech está lançando novas modalidades. A mais recente é uma linha de crédito para aquisição de medicamentos de alto custo e insumos médicos.
“Estamos desenvolvendo um super app, com lançamento no segundo trimestre”, diz Lucas Hamú, cofundador. “Vamos financiar suprimentos médicos e o fluxo de caixa das clínicas. Já temos um clube de benefícios para funcionários das clínicas”, informa.
Em operação desde janeiro de 2020, a Axxes Saúde aposta em uma plataforma multibancos para conectar pacientes a opções de financiamento para tratamentos e procedimentos médicos, odontológicos e oftalmológicos. Três instituições estão plugadas à plataforma, e duas estão em piloto, diz Ricardo Wafae, cofundador e CEO da Axxes Saúde, sem abrir os nomes.
Na base, há quase 600 clínicas cadastradas, sendo 320 ativas na plataforma. A meta é chegar a 2 mil parceiros até o fim do ano. A Axxes Saúde já ultrapassou R$ 250 milhões em solicitações de crédito, com 45% de pré-aprovação. A startup não divulga dados de número de propostas e crédito originado.
A hygia bank, fundada em 2019, se define como uma ‘finhealth’ porque combina produtos e serviços financeiros (conta digital, CDC e seguros) com soluções de saúde (testes de DNA e score de saúde, usando inteligência artificial). A startup tem 150 clínicas credenciadas, e vem avançando em um modelo de benefício para funcionários. Com 20 mil usuários, a previsão é atingir 1 milhão até 2023, projeta o CFO Renato Lamotte Jr.
A Exmed, fundada em 2019 em Recife (PE), reúne em um aplicativo uma conta de pagamentos remunerada, seguros e rede médica credenciada. O usuário faz aportes mensais, cujos valores podem ser utilizados para pagar consultas e procedimentos médicos, e dá direito a um pacote de seguros na área de saúde. Em ‘soft opening’ em Recife, o plano é atingir 50 mil vidas neste ano e chegar em São Paulo, Brasília e Rio, conta Sérgio Bivar, fundador da Exmed.
Fonte; Valor Econômico