Por Mônica Scaramuzzo e André Guilherme Vieira, Valor — São Paulo
19/10/2022 18h45 Atualizado há 17 horas
Ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf tem se reunido com representantes de sindicatos ligados à entidade para conseguir assinaturas a fim de pedir a renúncia do atual gestor, Josué Gomes da Silva, apurou o Valor. Interlocutores próximos a Skaf afirmam que há um grupo descontente com a atuação de Gomes na Fiesp e estaria organizando um abaixo-assinado para marcar uma assembleia e discutir o assunto.
O movimento organizado por Skaf foi antecipado pelo colunista Lauro Jardim, de “O Globo”. Ao Valor, Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), confirmou que foi procurado para participar do abaixo-assinado. Costa não disse, contudo, quem o procurou.
“Não vou assinar nada e sou contra esse movimento”, disse o representante da Abrinq. Segundo ele, cerca de 70 representantes já teriam sido procurados. Costa não sabe dizer quantas pessoas já aderiram ao abaixo-assinado.
Motivação política
Skaf ficou à frente da Fiesp por 18 anos. Nesse período, foi candidato ao governo do Estado de São Paulo três vezes. Na sexta-feira passada, dia 14, ele divulgou vídeo anunciando apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos),ao governo do Estado de São Paulo.
Fontes ouvidas pelo Valor afirmam que há uma motivação política nesses encontros. Interlocutores próximos a Skaf dizem que uma boa parte dos representantes da entidade é apoiadora do atual presidente e vê Gomes da Silva mais alinhado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT.
Filho de José Alencar, ex-vice de Lula
O atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, foi o nome indicado por Skaf para assumir a principal entidade industrial do país. Filho do vice-presidente da República José Alencar, na gestão de Lula, Gomes da Silva é dono da indústria têxtil Coteminas. O mandato de Gomes vai até 31 de dezembro de 2025 — ele não pretende se reeleger.
Os encontros organizados por Skaf com representantes dos sindicatos ligados à Fiesp ocorreram nos últimos dias. O presidente emérito da Fiesp, Nicolau Jacob, é apontado como um dos nomes que estariam organizando esse movimento. Procurado pelo Valor, Jacob nega.
“Há, sim, um grupo descontente com a gestão de Josué. Acredito que fazem parte desse movimento pessoas que não foram reconduzidas a comitês e grupos de trabalho que faziam parte da gestão anterior”, disse Jacob.
Movimento cresceu após primeiro turno
Na última segunda-feira, dia 17, a Fiesp realizou reunião com a diretoria. O assunto não foi tratado no encontro. Uma fonte próxima a Josué Gomes da Silva acredita que esse grupo próximo a Skaf começou a se organizar depois das eleições do primeiro turno.
Segundo essa fonte, esse movimento poderá ganhar força a depender dos resultados das eleições do dia 30. Caso Bolsonaro vença, esses dissidentes poderão reforçar essa frente.
Pelo atual estatuto da Fiesp, não se pode tirar o presidente da entidade por meio de abaixo-assinado. Com as assinaturas, os representantes das entidades podem pedir uma assembleia para que se possa discutir a renúncia do gestor.
Procurado, Paulo Skaf não retornou os pedidos de entrevista. A Fiesp informou, por meio de sua assessoria, que não comenta boatos.
Fonte: Valor Econômico

