Empresas de banco de sangue querem comercializar esse material biológico para produção de medicamentos, normalmente, usados por pacientes com problemas de baixa imunidade
Por Beth Koike, Valor — São Paulo
A Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS) comemorou a aprovação da PEC do Plasma, hoje, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado. A matéria vai para o plenário e se aprovada, segue para a Câmara.
“A ideia da PEC é corrigir um dos maiores problemas de saúde pública nacional, que é a falta de produção de hemoderivados para o tratamento dos pacientes brasileiros. Trata-se de uma estratégia pensada para garantir o fortalecimento da indústria nacional, o fornecimento desses insumos para todos os pacientes, inclusive do SUS, e assim salvar ou dar qualidade de vida para milhares de pessoas”, disse Paulo Tadeu de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS).
O setor privado brasileiro descarta, via incineração, entre 150 mil e 200 mil litros de plasma, por ano. As empresas de banco de sangue querem comercializar esse material biológico para produção de medicamentos, normalmente, usados por pacientes com problemas de baixa imunidade.
O plasma é um dos componentes do sangue. Considerando um litro de sangue, 55% são plasma e 45% são glóbulos vermelhos. Numa doação, apenas esse último é aproveitado no setor privado. Na área pública, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal criada em 2004, aproveita cerca de 50% do plasma das doações de sangue realizadas no SUS e encaminha para industria farmacêutica, na Europa, para produção de medicamentos. A PEC propõe que o setor privado também possa exportar o material coletado em suas unidades.
Segundo a ABBS, o Brasil importa R$ 1,5 bilhão em medicamentos à base de hemoderivados.
Questionado sobre a remuneração/compensação para as pessoas doarem ou comercializarem seu plasma, Almeida disse ser contra, pelo menos nesse momento.
“O Brasil não tem maturidade para remunerar doações de plasma, ter um programa semelhante ao dos Estados Unidos. Acredito que precisa ser de feito forma escalonada, primeiro permitindo que o setor privado aproveite o plasma das doações. Daqui três, quatro anos volta-se a discutir o tema para ver se o país já tem condições de remunerar o doador”, disse Almeida. Nos Estados Unidos, as pessoas podem vender o plasma. Cada procedimento sai por cerca de US$ 100.
Fonte: Valor Econômico