Quadros de depressão e burnout são cada vez mais comuns no ambiente de trabalho; entenda como trabalhadores e empresas têm lidado com a situação
Por Fernanda Gonçalves, Para o Valor
15/09/2022 16h32 Atualizado há 20 horas
O dia 15 de setembro foi instituído como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Depressão, e levando-se em conta dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostram que o Brasil é a nação mais ansiosa do mundo e uma das líderes em casos de depressão, uma questão pertinente para essa data é: como anda a saúde mental dos profissionais brasileiros?
- Ações para cuidar da saúde mental precisam envolver as lideranças
- Os setores com maior incidência de burnout
- Saúde mental: profissionais brasileiros se sentem desrespeitados no trabalho
No ano passado, mais de 75 mil trabalhadores do país foram afastados do trabalho por apresentarem quadros de depressão, segundo a Previdência Social, e uma em cada quatro empresas brasileiras afastou de um a cinco funcionários por adoecimento mental entre julho de 2021 e julho de 2022. Os principais fatores que impactaram a força de trabalho foram: ansiedade, que atingiu 41% dos profissionais; estresse (31,9%), depressão (26,7%) e burnout.
Isso se deve, em parte, ao sentimento generalizado de desrespeito que muitos profissionais vivenciam no ambiente de trabalho. Um estudo realizado pela área de gestão de recursos humanos da Universidade Veiga de Almeida (UVA), no Rio de Janeiro, apontou que a queixa foi mais preponderante nas faixas etárias entre 26 e 35 anos e 36 e 45 anos, que ocupam mais vagas no mercado hoje. E, entre as cinco principais reclamações feitas por esses profissionais estão o cansaço, o desgaste, a frustração, a sobrecarga e o desânimo.1 de 1 O Brasil é a nação mais ansiosa do mundo e uma das líderes em casos de depressão, diz a OMS — Foto: Unsplash
O Brasil é a nação mais ansiosa do mundo e uma das líderes em casos de depressão, diz a OMS — Foto: Unsplash
Outro fator relevante para o agravamento na saúde mental dos trabalhadores brasileiros foi o aumento na jornada média de trabalho, bem como o tempo de atividade digital e a quantidade de reuniões. Entre os os setores com maior incidência de burnoutestão o farmacêutico, de recrutamento, seguros, logística e indústria, segundo o Índice de Bem-Estar Corporativo (IBC).
Entre as mulheres, a situação parece ser especialmente delicada: em uma pesquisa realizada entre maio e junho deste ano com 458 executivas, 60% relataram ter sido diagnosticadas com algum transtorno ou distúrbio relacionado à saúde mental. Dessas, 80% afirmaram que se sentem mais cansadas do que antes da pandemia, e 40% apontaram uma diminuição de renda no período.
Diante desse cenário, algumas empresas resolveram apostar na criação de programas voltados para o bem-estar emocional dos funcionários, além de mudanças na cultura organizacional.
A Sanofi, por exemplo, oferece um programa de consulta psicológica remota e gratuita para os profissionais e seus dependentes, e conta com sala de mindfulness, aplicativo de meditação, auriculoterapia, palestras sobre como cuidar da saúde mental, e treinamentos para líderes reconhecerem sinais precoces de burnout, depressão e ansiedade. “Mas, se os líderes resistirem à adoção do programa, proibirem os funcionários de participar ou não derem o exemplo, a equação não fecha”, alerta Pedro Pittella, head de RH da empresa.
Fonte: Valor Econômico