Por Alessandra Saraiva, Valor — Rio
07/11/2023 14h25 Atualizado há 19 horas
O endividamento e a inadimplência das famílias devem continuar a cair até fim do ano e abrir espaço no orçamento para novas compras – o que pode favorecer Black Friday e Natal, as duas datas mais importantes de vendas do varejo, respectivamente em novembro e em dezembro. A análise partiu da economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC) Izis Ferreira, ao falar sobre os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), veiculada hoje.
Na Peic, a parcela de endividados caiu de 77,4% para 76,9% entre setembro e outubro desse ano; inferior a de outubro do ano passado (79,2%), sendo a menor desde fevereiro de 2022 (76,6%). Já a fatia de endividados inadimplentes ficou em 29,7% em outubro, inferior a de setembro (30,2%) e a de outubro do ano passado (30,3%).
Para a economista, um contexto macroeconômico mais favorável, bem como ações do governo, como o programa Desenrola, de negociações de dívidas, devem favorecer continuidade de retração do endividamento e de inadimplência observada pela CNC até outubro.
Sobre as razões que levaram a esse cenário, a especialista comentou que o endividamento já mostrava sinais de desaceleração, antes de outubro – mas não a inadimplência. O que mudou nesse quarto trimestre, diz, foi uma série de fatores que, combinados, proporcionam mais espaço no orçamento das famílias. Um deles é inflação controlada. Além disso, ocorre geração de ritmo maior de vagas no mercado de trabalho, o que proporciona mais renda e, consequentemente, maior poder de compra ao consumidor.
A técnica lembrou recentes políticas de injeção de recursos, por parte do governo. Além de valores maiores no Bolsa Família, programa de transferência de renda, houve modalidades novas de saques no FGTS, bem como aumento no salário mínimo. Esses fatores elevam saldo positivo no orçamento das famílias, comentou, e permite quitação de dívidas mais ágil, com redução em patamar de endividamento.
No caso de inadimplência, o começo de recuo na taxa básica de juros (Selic), que orienta todos os juros de mercado. Há uma defasagem entre o efeito da Selic mais baixa e juros de mercado, mas é certo que a decisão de corte na Selic é o primeiro passo para juros caírem, incluindo de pagamento de dívidas. “E não podemos nos esquecer do Desenrola”, acrescentou, a citar o programa que, na prática, oferece oportunidade das famílias de quitarem suas dívidas e, com isso, a reduzir tanto endividamento quanto inadimplência.
Assim como esses fatores devem continuar a influenciar favoravelmente o bolso dos endividados e dos inadimplentes, até término de 2023, a especialista acha provável que esses dois indicadores devem continuar a cair.
“Vamos encerrar o ano com volume de endividados ainda alto, mas com tendência de queda – e inadimplência, a mesma coisa”, afirmou. “O que estamos vendo agora é uma melhora nas condições de endividamento e de inadimplência em momento importante de consumo para o varejo, como Black Friday e Natal”, lembrou. “Isso abre espaço para aquisição de duráveis, por exemplo”, completou.
Fonte: Valor Econômico

