Assim como a maioria das moedas globais mais líquidas, o real é penalizado frente ao dólar no acumulado de 2024. Mas, dado o diferencial de juros ainda elevado e os preços de algumas commodities em alta, chama atenção da estrategista de moedas emergentes do Goldman Sachs, Teresa Alves, por que o real estaria com uma performance tão ruim no período. Até esta quinta-feira (18), a valorização da divisa americana contra o real se aproximava de 8%. A explicação, segundo Alves, seria uma maior sensibilidade em relação ao movimento de elevação nos rendimentos do Treasury americano de dez anos.
Ao comentar sobre a penalização do real frente ao dólar no acumulado do ano, a estrategista pontua fatores para isso: os termos de troca marginalmente negativos (com melhora nos preços do petróleo, mas piora nos preços do minério de ferro e da soja); maior prêmio de risco, principalmente após o não pagamento de dividendos extraordinários da Petrobras e com aumento da preocupação com o fiscal; e os rendimentos dos Treasuries em alta.
Mesmo levando em conta esses fatores, o modelo da estrategista aponta para que houvesse uma depreciação em menor intensidade da que foi observada. “Uma possível explicação para a performance pior do real é ter ocorrido uma mudança da sensibilidade da moeda ao longo do tempo”, diz, em relatório enviado a clientes. Assim, Alves realizou testes com esses fatores que mais têm relevância para o desempenho do real, e chegou à leitura de que a moeda brasileira tem ficado negativamente mais sensível ao movimento das taxas de juros americanas, enquanto menos positivamente sensível ao desempenho das ações do S&P 500.
Para a estrategista, diante de um maior prêmio de risco embutido no câmbio brasileiro, vai ser preciso criar um ambiente mais amigável e com menor risco para ver destravar uma recuperação do real. “Tendo em conta as correlações mais recentes, os outros ‘drivers’ e a velocidade dos movimentos dos rendimentos dos títulos dos EUA continuam a ser fundamentais”, diz. “Notamos que os termos de troca continuam a ser um importante impulsionador do desempenho do real, de modo que se a alta de preço em diferentes mercados de commodities se tornar mais coordenada, isso poderia ser uma fonte de valorização futura da moeda.”
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Teresa Alvez, do Goldman Sachs: real tem ficado negativamente mais sensível ao movimento das taxas de juros americanas — Foto: Divulgação
Fonte: Valor Econômico

