Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas / Crédito: Pablo Jacob /Governo do Estado de SP
A nova rodada da pesquisa Futura/Apex testou diferentes cenários de primeiro turno para medir a intenção de voto entre os principais presidenciáveis. Dois deles — um com e outro sem a presença dos governadores Ratinho Júnior (PSD) e Romeu Zema (Novo) — ajudam a identificar quem se beneficiaria de uma eventual saída do governador paranaense da disputa pelo Palácio do Planalto.
A desistência de Ratinho Júnior ainda não foi oficializada, mas, segundo apurou o JOTA, interlocutores próximos ao governador tratam a decisão como praticamente certa. O levantamento ouviu 2.000 brasileiros com 16 anos ou mais entre os dias 4 e 8 de novembro, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Contraste direto dos cenários
Pela leitura imediata dos números, a migração mais expressiva de votos ocorre em favor de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que cresce 10,7 pontos percentuais e praticamente absorve a maior parte dos 7,9% (cerca de 12,6 milhões de eleitores) de Ratinho Júnior e dos 5,6% (aproximadamente 8,9 milhões) de Romeu Zema (Novo).
O contraste entre os cenários mostra ainda que Tarcísio avança sobre parte dos indecisos –um resultado curioso, já que o contingente de indecisos diminui justamente quando há menos nomes na disputa, o oposto do que seria esperado.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também se beneficia, embora em menor escala: cresce quase 5 pontos percentuais na ausência de Ratinho Júnior e Zema. O movimento sugere que parte do eleitorado mais conservador, concentrado no interior e ligado ao agronegócio, divide hoje suas preferências entre Tarcísio e Caiado.
Lula, por sua vez, ganha pouco com a saída de Ratinho e Zema. O petista sobe apenas 1 ponto percentual, variação dentro da margem de erro. O dado reforça que o eleitor de Ratinho Júnior majoritariamente não tem afinidade ideológica com o presidente, e que sua ausência apenas reorganiza o campo não petista, sem alterar o equilíbrio geral da disputa.
O que esse exercício revela
O eleitor de Ratinho Júnior e Romeu Zema é mais competitivo à direita do que determinante na disputa geral. Ambos atuam como vetores de dispersão da direita moderada, o que, neste momento, reduz o alcance de Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado. Na ausência dessas candidaturas, o campo conservador se realinha em torno de Tarcísio, que se firma como nome mais competitivo contra Lula.
A saída de Ratinho Júnior pode fortalecer o PSD em alianças regionais, mas enfraquece o espaço de negociação nacional do partido na construção de uma frente moderada. Para Tarcísio, o resultado reforça sua viabilidade como candidato competitivo fora do eixo bolsonarista puro, consolidando-se como polo de atração da direita institucional.
Já para Lula, o quadro é de estabilidade: o petista não perde nem ganha com a saída de Ratinho Júnior e Zema, mantendo um teto próximo de 35% das intenções de voto.
Fonte: Jota

