Por Nikkei Asia — Tóquio (Japão)
11/05/2023 07h31 Atualizado há 2 horas
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, reiterou na quarta-feira (10) a importância da paz no Estreito de Taiwan, ao afirmar ser uma questão importante não apenas para o Japão, mas para o mundo inteiro.
“A paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan são críticas não apenas para o nosso país, mas para toda a comunidade internacional”, disse Kishida ao “Nikkei Asia” durante entrevista, em Tóquio.
“Nossa posição sempre foi que a questão de Taiwan deve ser resolvida pacificamente por meio do diálogo, e acredito que o Grupo dos Sete [países mais ricos do mundo] está unido nisso.”
As preocupações aumentaram com a unidade e o compromisso do grupo com a segurança do Leste Asiático depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, disse no mês passado que a questão de Taiwan era uma das “crises que não são nossas”. Muitos países europeus, incluindo França e Alemanha, membros do G-7, veem a China como um mercado de exportação vital e relutam em romper os laços com a segunda maior economia do mundo.
A poucos dias da cúpula do G7, que será realizada na cidade de Hiroshima, no oeste do Japão, entre os dias 19 e 21 deste mês, Kishida disse que os líderes exigirão que Pequim aja como um membro responsável da comunidade global e contribua para o desenvolvimento de relações internacionais estáveis por meio de um diálogo construtivo.
À medida que o poderio militar da China cresce, o Japão vem construindo suas próprias capacidades de defesa, com Kishida comprometendo-se a aumentar os gastos com defesa do país para 2% do Produto Interno Bruto (PIB), em uma grande mudança de seu pacifismo tradicional do pós-guerra. Segundo ele, esforços serão feitos para buscar o entendimento de outros países da Ásia em relação à postura de segurança mais robusta do Japão.
“O ambiente de segurança no Japão se tornou mais complexo”, disse o primeiro-ministro. “A Coreia do Norte está disparando mísseis com uma frequência maior do que nunca. Há tentativas de mudar o cenário atual pela força no Mar da China Meridional e no Mar da China Oriental.”
Após a Rússia invadir a Ucrânia, no ano passado, o G7 defendeu a ordem internacional baseada em regras. O grupo respondeu à invasão com duras sanções econômicas contra Moscou, mas a guerra revelou uma lacuna entre as nações ocidentais ricas e as economias emergentes, que são mais cautelosas quanto à imposição de sanções e têm os laços comerciais com a Rússia e a China, grandes exportadores de commodities.
Kishida lidera os esforços do G7 para fortalecer os laços com o Sul Global e convidou os líderes da Índia, Indonésia, Brasil e Comores (país da África) para a cúpula em Hiroshima. A medida se encaixa na visão dos Estados Unidos de um “Indo-Pacífico livre e aberto”, uma área na qual espera criar novos mercados para reduzir a dependência econômica global da China.
O primeiro-ministro disse ainda que defender a ordem baseada em regras deve ser um objetivo comum para todos os governos. “O estado de direito é a base da livre atividade econômica”, afirmou. “Os países podem ter origens diversas em termos de história e cultura… [mas] o estado de direito é essencial para garantir a livre atividade econômica”, acrescentou, advertindo o grupo a respeitar as diferentes culturas e histórias.
Uma área em que o G7 espera liderar é o desenvolvimento de novas tecnologias, como inteligência artificial, à medida que aumenta a competição entre os Estados Unidos e a China. Segundo ele, o G7 visa definir regras sobre o uso de IA generativa, como o ChatGPT, que mostrou ser capaz de produzir texto e imagens em níveis de sofisticação quase humanos.
Fonte: Valor Econômico

