Por Adriana Cotias — De São Paulo
24/08/2022 05h02 Atualizado há 4 horas
Um ano depois de ter captado R$ 542 milhões para o seu primeiro fundo de impacto, o BTG Pactual alocou 43% dos recursos em duas companhias de tecnologia: uma ligada ao agronegócio, a Aliare, e a outra de educação, a Gran Cursos Online. Para investir os outros 57%, agora tem no radar a área de saúde e projetos ligados à gestão de resíduos e economia circular, incluindo o desenvolvimento de materiais sustentáveis para a cadeia de embalagens. Outros casos elegíveis podem ser aqueles voltados para eficiência energética, água limpa e saneamento.
Pelo compromisso assumido quando levantou os recursos, o banco tem até 2024 para aplicar o capital. “Está muito aquecido, estamos com olhos otimistas para o ritmo de alocação e acreditamos que deva acontecer de maneira mais acelerada do que o prazo total de três anos”, diz Patricia Genelhú, chefe da área de investimentos sustentáveis e de impacto do BTG. O prazo do fundo é de sete anos, o que significa que prevê devolver o capital para os investidores até meados de 2028. E com lucro.
Genelhú afirma que toda a lógica de investimentos replica o que a asset do BTG Pactual busca nos seus fundos de “private equity” convencionais, e com a mesma consistência no desempenho. O retorno alvo é de 20% acima do IPCA. “A diferença é que integra as melhores práticas de sustentabilidade quando fala em gestão ESG [sigla em inglês para responsabilidade ambiental, social e de governança] nas investidas, acompanha a robustez dessa agenda tocada pelas companhias e também olha para a maximização do impacto.”
A distribuição das cotas se concentrou em fundos de pensão, com 39 investidores na classe A de cotas. Esse é um público que tem olhado mais de perto as questões ESG, mas o fundo também atraiu famílias de alto patrimônio e um pedaço do varejo de alta renda. Com cheques a partir de R$ 100 mil para a classe B de cotas, acessou uma base de 716 investidores pessoas físicas.
Fundada em 2013, a Gran Cursos Online é provedora de programas preparatórios para concursos públicos, exames profissionalizantes (como OAB e Conselho Federal de Contabilidade) e pós-graduação. Na avaliação do BTG, o investimento na companhia se justifica pelo fomento à educação inclusiva, equitativa e de qualidade, o que contribui para redução da pobreza e promoção do emprego. Em abril, a investida fechou a aquisição da Universidade UniBagozzi para expandir a educação remota para outras verticais. No ensino superior, a meta é alcançar 1 milhão de estudantes até 2026.
No relatório anual do fundo de impacto, a gestão cita que a companhia foi pioneira em emplacar o modelo de assinaturas no mercado de cursos preparatórios para concursos com preços acessíveis. Desde o investimento, houve um aumento de 38% na base, com 476 mil alunos pagantes, além de outros 71 mil inscritos em programas gratuitos na plataforma. Das aprovações em concursos neste ano, 26,5% vieram da Gran Cursos, com 72% deles de escolas públicas. Uma fatia de 56% dos estudantes é formada por pretos e pardos, 68% têm renda de até dois salários mínimos, 62% são mulheres e 51% vieram de municípios com menos de 200 mil habitantes.
Já a Aliare tem levado a tecnologia para o campo com o objetivo de dar suporte ao setor na transição para uma economia de baixo carbono e aumento da renda dos produtores rurais. Segundo o BTG, a empresa contribui para uma melhor eficiência na utilização de insumos, preservação de recursos naturais e para segurança alimentar. Fruto da fusão de dois grupos focados no desenvolvimento de softwares para o agronegócio, o grupo fundou em 2019 a Conexa, núcleo de inovação para incentivar o desenvolvimento de novatas de tecnologia no setor.
Para além do fundo de impacto, Genelhú cita que a gestora do BTG vem abrangendo outros investimentos sustentáveis, a exemplo de uma carteira de dívida dedicada em países emergentes e de uma estratégia de ativos de reflorestamento.
A executiva diz ver o mercado de finanças sustentáveis ganhar protagonismo, com as companhias interessadas em ser emissoras reconhecidas pelos critérios ESG. O desafio é evitar práticas de “greenwashing”, em que as iniciativas sustentáveis são mais peça de marketing do que responsabilidade de fato.
Fonte: Valor Econômico
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