Por Dow Jones — Tóquio
22/05/2023 11h42 Atualizado há 22 horas
A ação da China de impor sanções contra a fabricante de chips dos Estados Unidos Micron colocou a Coreia do Sul em uma encruzilhada.
Em meio a uma série de movimentos comerciais “olho por olho”, entre Pequim e Washington, a China, citando riscos de segurança nacional, proibiu certas empresas locais de comprar chips da Micron. A sanção afeta um dos principais mercados da Micron, que vende cerca de US$ 3 bilhões anualmente na China.
A Coreia do Sul é o lar dos dois maiores rivais da Micron no negócio de chips, a Samsung e a SK Hynix, mas lucrar com os problemas da Micron na China não será fácil para a Coreia do Sul. A geopolítica complica o que poderia ser uma oportunidade de aumentar as vendas durante uma grande recessão no mercado de semicondutores.
A reação da indústria de chips da Coréia do Sul em relação à sanção da Micron pela China determinará em grande parte até que ponto a proibição será um sucesso para Pequim ou um tiro no pé. Os próprios fabricantes de chips da China não conseguem igualar a tecnologia e a capacidade de produção da Micron, Samsung e SK Hynix, dizem analistas do setor.
As duas empresas sul-coreanas e a Micron foram responsáveis no ano passado por cerca de 95% do mercado de chips DRAM e cerca de 64% dos chips NAND flash, os dois principais tipos de memória usados atualmente, de acordo com a TrendForce, uma empresa de pesquisa sobre o mercado de tecnologia.
Qualquer pressão americana pode ser ruim para a Coréia do Sul, Samsung e SK Hynix, já que eles têm uma profunda exposição à China.
A China, de longe, é o maior parceiro comercial da Coreia do Sul. A Samsung e a SK Hynix operam instalações de semicondutores no país, que é um mercado importante para as duas empresas e para a cadeia de suprimentos global. As duas empresas juntas produzem cerca de 22% do suprimento mundial de memória flash NAND da China, enquanto a SK Hynix fornece cerca de 12% da produção global de chips DRAM do país, de acordo com a TrendForce.
A Coreia do Sul se aproximou ainda mais de Washington sob o comando do líder conservador Yoon Suk-Yeol, que assumiu o cargo há um ano.
Apesar dos protestos de Pequim, Seul juntou-se aos esforços liderados por Washington para construir cadeias de suprimentos de tecnologia e iniciativas econômicas que excluem a China, incluindo a chamada aliança de semicondutores “Chip 4” e a Estrutura Econômica Indo-Pacífica.
Após a proibição da Micron por Pequim, o Departamento de Comércio dos EUA disse no domingo (21) que iria dialogar com aliados e parceiros importantes para lidar com “distorções do mercado de chips causadas pelas ações da China”.
Mas o apoio sul-coreano tem limites. Ao contrário de outros aliados americanos como Japão e Holanda, Seul não apresentou restrições próprias em relação à indústria de chips que complementariam os esforços do governo Biden para restringir o acesso da China a semicondutores de última geração. A Samsung e a SK Hynix têm sido cautelosos em relação à proibição de Washington de exportar equipamentos avançados de fabricação de chips para a China e tiveram que obter isenções dos EUA para continuar operando fábricas na China.
A proibição do Micron da China não prejudicaria os fabricantes de chips da Coreia do Sul, disse o vice-ministro do Ministério do Comércio, Indústria e Energia da Coreia do Sul, nesta segunda-feira (22).
A Samsung disse que não tinha comentários sobre o caso. Uma porta-voz da SK Hynix disse que não recebeu pedido do governo sul-coreano para tratar sobre o assunto.
Além da Samsung e da SK Hynix, os fabricantes de memória japoneses Kioxia e Western Digital podem servir como fornecedores alternativos para empresas chinesas.
A proibição do Micron, um aparente gesto político destinado a responder às restrições de Washington à tecnologia avançada de fabricação de chips para a China, veio da Administração do Ciberespaço da China. O regulador não forneceu uma definição específica para “operadores de infraestrutura crítica de informações”, embora o termo seja normalmente associado a agências governamentais, empresas estatais e setores como finanças, operadoras de telecomunicações e provedores de serviços em nuvem.
Fonte: Valor Econômico

