Por Sérgio Tauhata — De São Paulo
06/04/2022 05h02 Atualizado 06/04/2022
Uma rotação de mercados pode estar começando a tomar forma, afirma o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) em relatório assinado pelo economista Jonathan Fortun. O levantamento mensal de fluxo de capitais para portfólios mostra que, em março, a China registrou saídas líquidas de US$ 11,2 bilhões na renda fixa e de US$ 6,3 bilhões do mercado acionário.
De outro lado, os mercados emergentes sem a China registraram no mês entradas líquidas de US$ 8,2 bilhões em títulos de dívida e uma saída marginal de US$ 400 milhões das ações.
Segundo o instituto, os dados mostram ganhos na América Latina, com um fluxo de entrada de recursos para portfólios de US$ 10,8 bilhões em março. Conforme o IIF, “isso pode ser explicado pelo consenso geral de que as economias da América Latina podem se beneficiar dos recentes desenvolvimentos de mercado”.
No agregado, os emergentes, incluindo o país asiático, tiveram saídas líquidas de US$ 6,7 bilhões e US$ 3,1 bilhões em ações e renda fixa, respectivamente. “Nós vemos os investidores com alta sensibilidade ao risco como resultado dos eventos geopolíticos, condições monetárias mais apertadas, inflação em alta e temores de que muitas economias não vão se recuperar rapidamente da pandemia”, afirmou o economista.
“Uma constante entre as idas e vindas do fluxo de capital internacional nos anos recentes tem sido o fato de a China receber entradas estáveis de recursos de investidores estrangeiros, mesmo diante de choques relacionados especificamente ao país, como a imposição de tarifas de importação pelos EUA e o início da pandemia.”
No entanto, em março, o acompanhamento de fluxo do IIF mostrou um importante episódio de saída líquida de recursos atingindo a China. “Essa é uma dinâmica sem precedentes que sugere uma rotação de mercado”, pontuou Fortun. Apesar de ser prematuro tirar conclusões definitivas, pondera o economista, “o momento da inversão do fluxo sugere que os investidores estrangeiros estão, talvez, reavaliando sua exposição e uma rotação das preferências pode estar começando a tomar forma”.
Para os próximos meses, o IIF enxerga uma “grande volatilidade na dinâmica dos fluxos, na medida que alguns países podem, potencialmente, se beneficiar dos preços mais elevados das commodities, mas também ser amplamente expostos aos fatores de risco”.
Fonte: Valor Econômico

