14 Jun 2023 CAROLINE ARAGAKI
A tão esperada reabertura econômica da China, após um longo período de restrições por causa da pandemia, deve ter reflexos diferentes entre as empresas brasileiras listadas na Bolsa e que têm o país como importante parceiro comercial. Caso o governo de Xi Jinping não adote estímulos econômicos mais fortes, os setores de mineração, siderurgia, papel e celulose tendem a sofrer com a retomada lenta do setor industrial e imobiliário, mas o segmento de proteínas pode se beneficiar de uma recuperação mais acelerada no segmento de serviços. A visão é de analistas consultados pelo Estadão/Broadcast.
“Com o setor industrial tendo uma recuperação mais fraca desde março, o consumo de aço e minério de ferro na China (principal compradora da commodity, com 60% da produção) deve ficar estável na comparação anual, o que pressiona o preço do minério de ferro, já que a oferta está crescendo”, afirma o analista Daniel Salomão, da Neo Investimento.
Segundo ele, o minério de ferro iniciou 2023 cotado no patamar de US$ 130 por tonelada, mas agora está na faixa dos US$ 100 e só deve atingir seu preço de equilíbrio em US$ 90.
Na Bolsa brasileira, a CSN Mineração e a Vale são os papéis com maior exposição à China. Ação com mais peso no principal índice da B3, a Vale “deve continuar entregando resultados fortes, mas perde o vento de cauda (favorável) que é o preço do minério de ferro, considerando que cerca de 80% de sua produção é de minério de ferro e que praticamente 100% desse produto é para exportação”, diz Salomão, da Neo.
CARNE FORTE. Já as importações de carne bovina na China devem melhorar no segundo semestre de 2023, na avaliação do Citi. Mesmo que haja uma desaceleração econômica no país asiático, o setor de proteínas não deve ser tão impactado, visto que a maior fatia consumidora está na classe média e de alta renda, diz o analista Johny Nicolas, da Esh Capital.
A China tem buscado alternativas à carne suína, o que fez com que as exportações de carne bovina brasileira para o país aumentassem 7.140% em dez anos, de 2012 para 2022. O principal destino da carne brasileira é para o país asiático.
Em relatório, o Citi destaca que na China o setor de hotéis e restaurantes – que tem tido uma recuperação acelerada – é atendido principalmente por importações. Assim, na Bolsa brasileira, a Minerva tem maior exposição à China e, portanto, conta com um cenário positivo daqui para frente.
“Para adquirir carne bovina, a China olha mais atentamente segurança, sabor e, apenas depois, o preço”, afirma Nicolas, da Esh Capital. •
O minério de ferro começou 2023 cotado a US$ 130 a tonelada, mas agora está na faixa de US$ 100
Fonte: O Estado de S. Paulo.