A ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, anunciou hoje a desistência da sua candidatura à indicação presidencial do Partido Republicano para as eleições dos Estados Unidos. Com isso, o ex-presidente Donald Trump se torna o único o pré-candidato do partido para enfrentar Joe Biden em novembro.
A decisão consolida — salvo por algum imprevisto — a revanche da disputa de 2020, na qual o atual presidente, Biden, impediu a reeleição de Trump.
Haley foi a primeira candidata importante a desafiar Trump pela indicação e a última a desistir, mostrando determinação mesmo sob ataques do ex-presidente e de seus apoiadores.
Ex-governadora da Carolina do Sul, ex-embaixadora nas Nações Unidas e autonomeada representante dos “republicanos insatisfeitos com a liderança de Trump”, Haley anunciou a desistência um dia depois de ser derrotada em 14 dos 15 Estados que realizaram primárias republicanas na Superterça. Ela, no entanto, manteve sua posição de resistência ao ex-presidente e não ofereceu apoio explícito ao virtual candidato do partido.
No discurso em Charleston, Haley parabenizou Trump, mas manteve distância sobre seu o ex-presidente, mas manteve um tom moderado em relação ao seu apoio. “Sempre apoiei nossos candidatos republicanos, mas cabe a Trump conquistar os votos do nosso partido. Espero que ele faça isso”, disse.
“Embora eu não seja mais uma candidata, não vou parar de usar minha voz para as coisas em que acredito”, disse Haley. “Nosso mundo está em chamas por causa do recuo dos EUA. Estar ao lado de nossos aliados na Ucrânia, Israel e Taiwan é um imperativo moral. Se recuarmos ainda mais, haverá mais guerra, não menos”, afirmou.
Haley foi a primeira candidata importante a desafiar Trump pela indicação e a última a desistir, mostrando determinação mesmo sob ataques do ex-presidente e de seus apoiadores.
O discurso de Haley abriu imediatamente uma pesada disputa entre Trump e Biden pos seus eleitores. Quase 570 mil eleitores em três Estados indecisos importantes – Nevada, Carolina do Norte e Michigan – votaram em Haley na disputa pela indicação republicana, um grupo pequeno, mas com potencial significativo no caso de disputas que foram decididas por pequenas margens em eleições recentes. Haley, por exemplo, conseguiu 250 mil votos nas primárias da Carolina do Norte, um Estado que em 2020 deu vitória a Trump por menos de 75 mil votos.
Biden elogiou Haley por “falar a verdade” sobre Trump, enquanto o ex-presidente disse que a “derrotou de maneira estrondosa” na disputa republicana da Superterça.
“Trump deixou claro que não quer os apoiadores de Nikki Haley. Quero deixar bem claro: há lugar para eles na minha campanha”, afirmou Biden, em comunicado.
Em post na rede Truth Social, Trump disse que “gostaria de convidar todos os partidários de Haley a se juntar ao maior movimento da história desta nação” e descreveu Biden como um inimigo que está destruindo o país.
Trump debochou de Haley durante toda a campanha — inclusive com expressões sexistas e racistas. E muitos dos eleitores dela se perguntam se ainda têm lugar no Partido Republicano, que se uniu em torno de Trump, apesar das repetidas alegações duvidosas sobre ter vencido as eleições de 2020 e sobre o ataque ao Congresso dos EUA 6 de janeiro de 2021.
“Neste momento, as chances são muito grandes de que os eleitores de Haley digam ‘eu nunca votaria em Trump’. Mas é quase certo que a maioria deles vai mudar de ideia e votar em Trump ou até simplesmente não votar”, afirmou Hans Noel, professor de Administração Pública da Universidade de Georgetown.
A disputa de novembro se desenha acirrada. Pesquisa publicada pelo “New York Times” no sábado indicou que Trump lidera as intenções de voto, com 48% das preferências. Biden tem 43%.
O presidente americano tenta no último discurso sobre o Estado da União deste mandato — hoje, às 23 horas de Brasília — conquistar votos de republicanos moderados anti-Trump, independentes e democratas decepcionados com sua gestão econômica e de política externa.
Biden passou o fim de semana na residência presidencial de Camp David retocando o discurso que se concentrará no crescimento econômico e no combate à inflação, disse o diretor de comunicações, Ben LaBolt. Um dos grandes desafios da campanha, segundo os assessores, é fazer com que os eleitores reconheçam em Biden a recuperação da economia do país pós-covid.
Fonte: Valor Econômico

