Por Gabriel Caldeira, Eduardo Magossi e Igor Sodré — De São Paulo
11/04/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
Investidores passaram a precificar maior chance de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) eleve os juros básicos dos Estados Unidos novamente em maio, após o relatório de empregos (“payroll”) da última sexta-feira manter a percepção de que o mercado de trabalho permanece forte, ainda que desacelere lentamente. Com isso, na volta do feriado, os rendimentos dos Treasuries e o dólar se destacaram e encerraram o dia em alta.
O rendimento da T-note de dois anos subiu 0,50 ponto percentual, a 4,016%, enquanto o da T-note de 10 anos teve alta mais modesta, de 3,405% do fechamento anterior para 3,417%.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares fortes, operava com ganhos de 0,70%, a 102,536 pontos, no fim da sessão em Wall Street.
Já as bolsas de Nova York oscilaram próximas à estabilidade e firmaram tom positivo apenas no fim do pregão. O índice Dow Jones avançou 0,30%, a 33.586,52 pontos, e o S&P 500 ganhou 0,10%, a 4.109,11 pontos, enquanto o Nasdaq teve recuo marginal de 0,03%, a 12.084,36 pontos.
De acordo com os dados do payroll, divulgados durante o feriado de Páscoa na sexta-feira, os EUA criaram 236 mil empregos em março, número muito próximo das 238 mil vagas esperadas por analistas. Já a taxa de desemprego recuou de 3,6% a 3,5%, e o ganho salarial desacelerou para altas de 0,3% ante fevereiro e 4,2% em relação a março de 2022.
Em resposta, o CME Group passou a calcular uma probabilidade de até 80% de que o Fed subirá os juros básicos americanos em mais 0,25 ponto percentual, para a banda de 5% a 5,25%. No fim do dia de ontem, a ferramenta mostrava chance de 69,7% de elevação ao nível citado.
Embora colabore para a percepção de que o Fed vai elevar mais uma vez seu juro básico, o payroll de março confirmou a desaceleração das contratações e da inflação salarial, avaliam Ryan Sweet e Oren Klachkin, economistas-chefe e sênior para EUA da Oxford Economics.
De visão similar, Sarah House e Michael Pugliesi, do Wells Fargo, entendem que a desaceleração “ordenada” do mercado de trabalho americano, sem um colapso da demanda, é exatamente o que deve satisfazer os dirigentes do banco central americano.
“A luta contra a inflação ainda está longe de terminar, mas, em meio ao ruído dos dados mensais, existem indicadores importantes que sugerem progresso”, consideram os economistas do banco. Para eles, o Fed deve subir os juros apenas mais uma vez, em maio, antes de mantê-los por um período longo para se certificar de que a inflação retornará à meta de 2% de forma sustentável.
Essa, porém, não é a previsão mais comum entre investidores, cuja maioria precifica de dois a três cortes de juros pelo Fed este ano, conforme o CME Group. Presidente do Fed de Nova York, John Williams afirmou em evento que não presta tanta atenção nas projeções do mercado, e disse que a diferença em relação à leitura dos dirigentes do banco central ocorre por conta da ampla incerteza sobre a economia americana e o ritmo de desaceleração da inflação.
Amanhã serão divulgados os dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em março. A mediana das previsões de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal” aponta forte desaceleração da taxa anual do CPI para 5,1%, após o índice ter registrado um avanço de 6% em fevereiro.
Fonte: Valor Econômico

