Por Chen Aizhu e Florença Tan, Reuters
06/04/2022 | 10h59Atualização: 06/04/2022 | 11h01
CINGAPURA – As refinarias estatais da China evitam novos contratos de petróleo russo, apesar de grandes descontos oferecidos por Moscou. Elas continuam honrando os contratos existentes, mas atenderam ao pedido de cautela de Pequim à medida que as sanções ocidentais aumentam contra a Rússia pela invasão na Ucrânia, disseram seis fontes à Reuters.
A estatal Sinopec, a maior refinaria da Ásia, a CNOOC, a PetroChina e a Sinochem ficaram à margem das negociações russas para os carregamentos de maio, afirmaram as fontes sob condição de anonimato dada a sensibilidade do assunto.
As estatais chinesas não querem ser vistas abertamente como apoiadoras de Moscou – o que ocorreria se comprassem volumes extras de petróleo, depois que Washington proibiu o petróleo russo no mês passado e a União Europeia impôs sanções à Rosneft e à Gazprom, principais exportadores russos. “As estatais são cautelosas, pois suas ações podem ser vistas como representações do governo chinês, e nenhuma delas quer ser apontada como compradora de petróleo russo”, disse uma das pessoas ouvidas pela Reuters.
Sinopec e Petrochina não quiseram comentar. A CNOOC e a Sinochem não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
A China e a Rússia desenvolveram laços cada vez mais estreitos nos últimos anos e, em fevereiro, anunciaram uma parceria “sem limites”. A China também se recusou a condenar a ação da Rússia na Ucrânia ou chamá-la de invasão e criticou repetidamente as sanções ocidentais contra a Rússia, embora um diplomata de alta hierarquia tenha dito no sábado que Pequim não está evitando deliberadamente as sanções contra a Rússia.
A China, o maior importador de petróleo do mundo, é o principal comprador de petróleo russo, com 1,6 milhão de barris por dia, metade dos quais fornecidos por oleodutos sob contratos governamentais. Fontes esperam que as estatais chinesas honrem os contratos de longo prazo existentes, mas evitem novos acordos.
Uma queda nas importações chinesas de petróleo russo pode levar as gigantes refinarias estatais a recorrer a fontes alternativas, o que aumenta as preocupações com a oferta global que levaram os preços de referência do petróleo Brent a US$ 140 por barril no início de março, os maiores preços em 14 anos. O aumento aconteceu depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro.
Desde então, o Brent caiu para menos de US$ 110, depois que os Estados Unidos e aliados anunciaram planos de liberar ações de reservas estratégicas.
‘Controle de risco e conformidade em primeiro lugar’
Antes da crise da Ucrânia, a Rússia era responsável por 15% das importações de petróleo da China – metade disso através dos oleodutos da Sibéria Oriental e Atasu-Alashankou e o restante por navios-tanque de seus portos do Mar Negro, Mar Báltico e do Extremo Oriente.
Após a crise, a Unipec, braço comercial da Sinopec e principal comprador de petróleo russo, alertou suas equipes globais em reuniões internas regulares nas últimas semanas contra os riscos de lidar com o petróleo russo. “A mensagem e o tom são claros: o controle de risco e a conformidade vêm antes dos lucros”, disse uma das fontes informadas sobre as reuniões.
“Embora o petróleo russo tenha grandes descontos, há muitos problemas, como garantir o seguro de transporte e problemas de pagamento.”
Fonte: O Estado de S. Paulo

