PorLilian Satomi
— Para o Valor, de São Paulo
O Brasil está envelhecendo e, com isso, cresce a procura por serviços de cuidados, saúde e bem-estar de idosos e doentes crônicos, que demandam de ajuda para tarefas do dia a dia. De acordo com dados do último censo, em 2022, o aumento da população idosa brasileira (acima de 60 anos) foi de 56%, em comparação a 2010. Passou de 20,6 milhões para 32,1 milhões de pessoas. A projeção é que, em 2050, os idosos representem 30% da população – um contingente de 60 milhões de brasileiros, seguindo a tendência global de crescimento estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje essa fatia é próxima de 16%.
Com base nesses dados e na carência de serviços especializados, as empresas da área têm vislumbrado no modelo de franquias uma forma de se expandir mais rapidamente. Levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostra que, nos últimos dois anos, o número de unidades franqueadas no segmento cresceu 75%. As operações passaram de 393, em 2022, para 503 no ano passado, e, só no primeiro semestre de 2024, atingiram 690 unidades. Enquanto isso, o setor de franchising, como um todo, prevê um aumento de 5,5% no número de operações neste ano.
“O boom desses serviços foi em 2023 e continua em 2024 por causa da maior demanda da chamada ‘economia prateada’, que é a venda de serviços e produtos para a terceira idade”, diz Vitor Hugo de Oliveira, co-fundador da Acuidar, empresa de cuidadores que nasceu em João Pessoa em 2016, virou franquia em 2020 e hoje conta com 211 unidades no país.
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A meta de Oliveira é chegar a 300 franqueados até o fim de 2025. Só neste primeiro semestre, foram 60 inaugurações e, no ano passado, 100 novas unidades entraram em funcionamento. Além do serviço de cuidadores, seu “core business”, a rede oferece também atendimento multidisciplinar, como médicos, enfermeiros, psicólogos e afins, conta com uma UTI móvel e telemedicina.
Outra rede em expansão é a Cuidare, fundada por Izabelly Miranda no fim de 2013, em Natal. Em 2016, a operação foi formatada para virar franquia e hoje conta com 70 unidades em 22 Estados. O objetivo é chegar a 100 em 2025. “Tudo começou no final do meu curso de enfermagem há mais de 10 anos, no estágio que eu fazia em um hospital. Via famílias com dificuldades de se organizar nos cuidados do paciente que estava sendo ‘desospitalizado’. Essas cenas fizeram com que eu tivesse um insight e pensasse numa empresa de prestação de serviços de cuidador”, conta a empresária.
Foi a iminente alta hospitalar da avó que levou Fernando Werneck Vieira Marques, de Guarulhos (SP), a procurar um serviço de cuidadores, após presenciar o cansaço de seus tios, que a acompanhavam na internação. “Quando estava para contratar a Cuidare, minha avó faleceu”, lembra Marques. Quando foi demitido da empresa onde trabalhava, em março de 2020, quis abrir uma franquia da Cuidare. Atualmente, sua unidade atende 12 clientes por mês, fora os volantes, e tem 15 cuidadores registrados.
Artur Hipólito, sócio-diretor da Home Angels, conta que a perspectiva de que, no futuro, a população brasileira terá mais idosos do que jovens, exemplos de negócios da Europa e dos Estados Unidos e a experiência que seu sócio, Marco Imperador, teve com a avó, fizeram com que a empresa se especializasse em cuidados com idosos.
Além de cuidadores, a empresa, que já nasceu como franquia em 2009 e tem xxx unidades, oferece um canal de orientação médica 24h e serviço de UTI móvel. “Esse atendimento prévio em domicílio, para uma consulta médica, solicitação de um pedido de exame ou receita de medicamentos, reduz em 70% a necessidade dos clientes irem com urgência para o hospital”, diz Hipólito.
Com 20 unidades no país, a brasiliense Acolher e Cuidar oferece também insumos necessários para home care e o serviço multidisciplinar, com médicos e outros profissionais da saúde. O plano é duplicar o tamanho da rede até dezembro deste ano. “Fazemos um estudo de viabilidade para saber qual o modelo de franquia a região suporta de acordo com o número de habitantes”, diz seu CEO, Estevam Oliveira
Fonte: Valor Econômico