O dólar à vista opera em leve queda no início desta tarde, depois de ter avançado com mais consistência após a divulgação de dados mais fortes do setor do varejo e da indústria dos Estados Unidos. Com a perda de força da moeda americana aqui no Brasil, o real se descola dos pares e lista entre as divisas com menor penalização frente ao dólar.
Perto das 13h20, o dólar comercial era negociado em alta de 0,07%, a R$ 4,9285, depois de ter tocado a mínima de R$ 4,9246 e encostado na máxima de R$ 4,9547. O contrato futuro para fevereiro avançava 0,05%, a R$ 4,9375. No exterior, o índice DXY tinha apreciação de 0,22%, enquanto o dólar apreciava 0,41% ante o peso mexicano e 0,85% contra o rand sul-africano.
A manhã desta quarta-feira foi marcada por um dólar forte globalmente após uma sequência de indicadores econômicos. Os dados do varejo e da indústria americana vieram mais fortes do que o esperado pelo mercado, alterando as expectativas dos agentes financeiros sobre cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed). Se ontem a chance de um recuo de 0,25 ponto percentual nas taxas americanas estava em torno de 63,1%, hoje essa possibilidade caiu para 55,7%, segundo o CME FedWatch Tool.
Hoje, o rendimento do título de dez anos nos EUA avança de 4,067% para 4,105%, enquanto o retorno do papel de dois anos tem alta, de 4,224% para 4,355%.
O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, aponta em nota que a queda dos juros nos Estados Unidos e a consequente valorização de uma cesta de moedas contra o dólar foram fatores responsáveis por pelo menos 70% da apreciação do real no fim de 2023 e início deste ano. Segundo o economista, um excesso de otimismo teria levado os rendimentos dos títulos americanos de dois anos a despencar de 4,44% para 4,13% neste começo de janeiro e isso explicaria o bom desempenho do real.
Ao analisar a correlação da curva de juros de 2 anos nos EUA e do câmbio doméstico, o economista do Banco Fibra aponta que o rendimento do título americano, agora de volta ao nível de 4,3% deve manter o câmbio no patamar de R$ 4,95 por dólar no curto prazo. Apesar da leve piora observada nos últimos dias, Maciel aponta que ainda há algum otimismo nas precificações do mercado. “O início da redução da taxa básica de juro (taxa do Fed Funds, FFR) que ocorreria no primeiro trimestre de 2024 passou para o segundo trimestre, após pronunciamento do [diretor do Fed Christopher] Waller”, diz. Ainda segundo Maciel, mesmo após os recados do diretor ontem, “o mercado de juros futuros continua precificando a FFR em 3,75% no final de 2024, 75 pontos-base abaixo da mediana das indicações do Comitê Federal de Mercado Aberto”.
Em relação ao fluxo cambial, Maciel diz que o valor justo do câmbio de R$ 4,95 por dólar é consistente com o fluxo diário de dólares para o Brasil, que está, no acumulado de janeiro, negativo em US$ 3 bilhões.
Fonte: Valor Econômico

