A Raízen vendeu sua participação em uma termelétrica movida a biogás para a Gera Participações. As empresas eram parcerias na companhia, chamada RGD Biogás, responsável pela usina localizada no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo.
O acordo foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta sexta-feira, 26 de setembro, e faz parte do processo de cisão da joint venture entre a Raízen e a Gera. Conforme processo no órgão antitruste, a Gera comprará a totalidade de quotas da planta detidas pela RGD, que deixará de integrar a composição societária no ativo.
A Raízen e a Gera não divulgaram a porcentagem da participação e o valor envolvidos na operação. Segundo documento no Cade, uma parte do valor da transação será pago à vista, sendo que o saldo remanescente será pago em três parcelas em 30 de setembro de 2025, 30 de dezembro de 2025 e 31 de março de 2026.
As parcelas serão corrigidas monetariamente pela variação do IPCA, acrescido de juros compensatórios de 8% ao ano, desde a data do fechamento definida no contrato de compra e venda até o seu efetivo pagamento.
A central termelétrica aproveita o biogás resultante da decomposição de resíduos para gerar eletricidade de forma descentralizada. Assim, a usina atua unicamente na geração distribuída de energia elétrica a partir de biogás, não oferecendo outros produtos ou serviços além da venda de energia produzida.
Parceria das empresas
Criada em 2021, a joint venture da Raízen e da Gera buscava viabilizar investimentos conjuntos em ativos de geração de energia distribuída, a partir de fonte solar fotovoltaica, hidrelétrica e térmica a biogás, além da gestão e otimização energética e outros serviços e tecnologias relacionados. Em agosto deste ano, o Cade aprovou a cisão da parceria.
A cisão foi anunciada no final de julho deste ano pela Raízen por meio da venda de 11 ativos de geração distribuída para a Gera. Na ocasião, a companhia vendeu um total de 55 usinas de geração distribuída para as empresas Thopen Energia e grupo Gera, somando um valor agregado de aproximadamente R$ 600 milhões.
Em comunicado, a Raízen informou que receberá os valores correspondentes à medida que as usinas forem transferidas, com conclusão prevista até março de 2026 – data da última parcela de venda da termelétrica a biogás.
Ao órgão antitruste, a Raízen destacou que operação representa a primeira etapa de seu plano de desinvestimento no setor de geração distribuída de energia, para que possa concentrar seus esforços e recursos nas atividades que compõem o seu core business. Em meados de maio, CEO da Raízen, Nelson Gomes, já havia reforçado que a estratégia da empresa será simplificar suas operações, com foco na eficiência e redução de despesas.
“Vamos racionalizar nossos investimentos e reduzir o endividamento. O foco está em construir um portfólio menor, porém mais sinérgico e alinhado à nossa atuação principal”, afirmou na oportunidade.
O grupo Gera justificou ao conselho que a cisão está alinhada ao seu interesse estratégico em expandir e explorar oportunidades no segmento de geração distribuída de energia elétrica.
Estratégia da Raízen
Desde 2024, a companhia vem adotando medidas para reduzir seu endividamento por meio da chamada “reciclagem de portfólio”, que inclui a venda de usinas, participações contratuais e descontinuação de operações.
Em comunicado ao mercado divulgado em 8 de setembro, a Raízen informou que seus acionistas (Cosan e Shell) estão avaliando “alternativas estratégicas de capitalização” para a empresa.
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Fonte: MegaWhat

