Depois da onda de vendas dos títulos de dívida em dólar da Raízen no fim da última semana, os bonds da companhia ensaiam uma recuperação. O clima, segundo um gestor que atua nesse mercado, é de “ressaca”, após a desvalorização vista entre quinta e sexta-feira.
Hoje, os papéis da empresa com vencimento em 2054 eram negociados a 75% do valor de face. Na sexta, os mesmos títulos chegaram a 65% do valor de face. Papéis mais curtos, como os que vencem em 2032 e 2034, eram negociados na faixa de 80% do valor de face.
Conforme publicou o Valor, há uma expectativa de perda de rating no curto prazo pela companhia.
No mesmo dia, a Raízen disse em fato relevante que não considera qualquer reestruturação de sua dívida ou “pedido de recuperação judicial ou extrajudicial”. Afirmou que possui um caixa de R$ 15,7 bilhões e que vem executando estratégia para “otimização do perfil de endividamento e estrutura de capital”.
Além da situação da Raízen, os investidores seguem acompanhando os desdobramentos dos últimos eventos de crédito, como a medida cautelar da Ambipar contra credores, e a possibilidade de reestruturação das dívidas da Braskem. Em todos os casos, as companhias envolvidas possuem volumes relevantes de títulos de dívidas tanto no mercado interno quanto no externo.
Em relatório recente, analistas da Fitch Ratings dizem que o mercado de dívida local, que vinha apresentando condições robustas de liquidez há mais de um ano, pode ser afetado por tais eventos.
Caso o cenário atual abale a confiança dos investidores, é esperado que empresas possam enfrentar condições mais restritivas de liquidez — assim como ocorreu em 2023, após o evento da Americanas, afirmam.
Fonte: Valor Econômico

