Por Bloomberg
16/01/2023 14h16 Atualizado há 21 horas
O rali do dólar a partir de uma mínima de oito meses pode ter vida curta diante da crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) vai desacelerar o ritmo de aumentos dos juros, o que deve manter a pressão vendedora sobre a moeda americana.
O índice Bloomberg Dollar Spot ainda mostra baixa de quase 2% desde o início do ano, após o grande volume de vendas de dólares por investidores. Com a redução das expectativas de inflação nos EUA, fundos desfizeram posições no ativo visto como porto seguro, o que levou a uma recuperação da maioria das moedas mais negociadas.
Com “apenas duas semanas no ano, parece que o ‘compre dólar’, o grande ‘trade’ de 2022, agora se converte na posição vendida macro mais procurada agora”, disse Patrick Bennett, estrategista do Canadian Imperial Bank of Commerce, em Hong Kong. Além do Fed, “também somos guiados por uma reversão da [política de] covid zero na China, extinta bem antes do esperado”.
O cenário para o dólar deu uma drástica guinada nos últimos meses. Fundos da J.P. Morgan Asset Management e do Goldman Sachs, por exemplo, preveem que em breve o Fed deve desacelerar o ritmo de aperto monetário. Traders agora esperam que a taxa dos Fed funds atinja um pico de 4,94%, frente à previsão de 5% no início deste mês.
O dólar corre risco de enfrentar novos períodos de baixa neste ano. Estrategistas do Morgan Stanley projetam que o euro terminará 2023 em 1,15 por dólar, acima da estimativa anterior de 1,08.
“As forças macro que antes limitavam a fraqueza do dólar agora a amplificam”, escreveram em nota. “O crescimento global mostra sinais de dinamismo, as incertezas macro e inflacionárias estão diminuindo e o dólar perde rapidamente sua vantagem de ‘carry’”, destacaram em referência ao termo para arbitragem dos juros.
Dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) mostram que fundos alavancados reduziram vendas em ienes para o nível mais baixo desde fevereiro de 2021. Também cortaram apostas baixistas contra o dólar australiano e migraram para posições compradas líquidas em dólar da Nova Zelândia.
A retomada da atividade econômica na China reforça a demanda por moedas sensíveis ao risco como o dólar australiano, que chegou a ultrapassar 70 centavos de dólar pela primeira vez desde agosto nesta segunda-feira.
“O dólar está sob pressão diante da maior confiança de que uma pausa do Fed está próxima”, disse Rodrigo Catril, estrategista do National Australia Bank, em Sydney. A valorização do yuan é “igualmente importante” para moedas atreladas a commodities como o dólar australiano, diante da melhora da percepção de risco, disse.
Fonte: Valor Econômico

