As ‘sete ações magníficas dos Estados Unidos‘, nome dado ao grupo de papéis de grandes empresas de tecnologia americanas, tiveram um primeiro semestre de 2025 majoritariamente com apagamento de brilho. No grupo, composto por Apple, Tesla, Microsoft, Meta, Amazon, Alphabet e Nvidia, quase metade recuou no período.
O clima em Wall Street não foi dos melhores desde o início do ano até agora, com o tarifaço de Trump, guerra tarifária entre EUA e China, pressão de Trump sobre as companhias produzirem nacionalmente, entre outros aspectos da inúmera lista de fatores que chacoalhou o mercado em 2025. Como nem tudo são flores, enquanto alguns se deram bem, outros tombaram.
Segundo um levantamento da Nomad a pedido do Valor Investe, a Tesla foi a empresa com o pior desempenho no semestre, amargando queda de 21%. Entenda abaixo o cenário de cada uma
Desempenho das ‘sete magníficas’ no primeiro semestre de 2025
| Ação | Desempenho |
| Apple | -18% |
| Alphabet | -6,8% |
| Amazon | 0,16% |
| Microsoft | +18% |
| Meta | +26% |
| Nvidia | +18% |
| Tesla | -21% |
Fonte: Nomad
deslize para ver o conteúdo
Microsoft
A bigtech conseguiu encerrar o semestre turbulento no positivo. O robusto crescimento da receita de Intelligent Cloud (Azure), impulsionado pela demanda por infraestrutura de IA, e os sólidos resultados do Microsoft 365 Copilot no 1º trimestre de 2025, sustentaram a confiança do mercado de que a Microsoft tem potencial de crescer de maneira sustentável se beneficiando de novas tecnologias para aumentar a produtividade.
Na visão de Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, as constantes atualizações e integrações de IA em todo o ecossistema da companhia (anunciadas na Microsoft Build 2025), desde o SQL Server até o Dynamics 365, foram destaque.
“Embora a Microsoft também venda produtos (hardware), sua exposição mais forte a serviços (software) é considerada uma proteção contra os efeitos potenciais das tarifas, como afirmou seu próprio CEO, Satya Nadella, na teleconferência de resultados do primeiro trimestre”, explica ela.
Meta
A Meta foi uma das bigtechs que conseguiram superar o período tenebroso e com maestria. Segundo a Nomad, a empresa recentemente ganhou novo impulso ao anunciar publicidade no WhatsApp, uma nova fonte potencial de receita.
Na visão de Zogbi, a Meta vem sendo associada a uma estratégia de IA que já gera frutos e pode apresentar grande potencial de crescimento, com foco no uso para a otimização da distribuição de anúncios e melhora no engajamento, mais do que criar um produto próprio de IA ou uma LLM.
Nvidia
Também diretamente ligada ao potencial da IA, a Nvidia manteve a dominância no mercado de semicondutores usados para este fim, e trouxe, ao longo dos últimos meses, dados de demanda que sustentaram a alta das ações, segundo a Nomad.
Mas não só isso: Zogbi pontua também que a empresa também teve um crescimento de 69% da receita ano a ano no primeiro trimestre.
“A produção em massa de sua arquitetura Blackwell GPU e as parcerias estratégicas (como com a Toyota) reforçaram a percepção de que a Nvidia continua sendo a espinha dorsal da revolução da IA. O recente retorno da inclinação à tomada de risco por investidores, ligado ao afastamento das projeções de uma recessão nos EUA, beneficia o papel”, detalha.
Apple
A “maçã” já vem desempenhando pior que os pares há alguns semestres, prejudicada pela estratégia considerada insuficiente em IA.
“De maneira geral, a companhia optou por priorizar a privacidade dos seus usuários, o que atrasou a adoção de ferramentas de IA na comparação com alguns de seus concorrentes, que partiram para parcerias com outros players”.
Em junho, durante evento anual para desenvolvedores, a Apple anunciou recursos de seu Apple Intelligence e aumentou o acesso ao seu código para desenvolvedores, visando acelerar nesta frente.
Mas, segundo Zogbi, não é só isso que pesa no papel neste ano: sendo uma companhia de bens e com grande parte das unidades de fabricação de produtos fora dos EUA, sobretudo na China, a companhia é diretamente afetada por mudanças nas regras comerciais dos EUA e pela tensão tarifária entre as duas potências globais. O anúncio do tarifaço de Trump em 2 de abril e as incertezas sobre seus desdobramentos causaram impacto negativo nas ações da big tech.
O problema disso está na pressão que Trump faz na relação da Apple com outros países. Como exemplo disso, no mês de maio, Trump pediu ao presidente da Apple que desista de fabricar produtos na Índia. No mesmo mês, o presidente dos EUA ameaçou impor tarifa de 25% à Apple se iPhones não forem produzidos no país norte-americano.
A dissipação de parte dessas tensões vem ajudando a companhia a limpar parte das perdas, de acordo com a estrategista.
Tesla
O papel da companhia de Elon Musk sofreu uma derrocada no semestre. As ações da montadora de carros elétricos intensificou a queda após a ruptura de relações (e a briga pública) entre Musk e o presidente dos EUA, Donald Trump. No início de junho, em um dia de forte troca de farpas entre os dois, o papel chegou a cair quase 15%.
Mas não foi só isso que pesou para o mercado: os resultados do 1º trimestre de 2025 vieram aquém do esperado pelo consenso de mercado, com uma queda de 20% na receita automotiva e lucro impactado pela forte concorrência (especialmente da BYD na China), além da redução do preço médio de venda.
“Estão no radar os avanços no robô Optimus, o Full Self-Driving (FSD) e o planejamento para um modelo mais acessível sejam pontos positivos, mas incertezas macroeconômicas e poucos avanços concretos nesta frente pesaram no sentimento de cautela”, diz Zogbi.
Alphabet
Apesar de um 1º trimestre de 2025 com forte crescimento de receita (12%) e aumento da lucratividade, a Alphabet é a única das “sete magníficas” com um preço sobre lucro (P/L) prospectivo abaixo de 25 vezes (entre 17,5 vezes e 18,5 vezes).
Segundo Zogbi, isso sugere que o mercado pode estar subestimando o potencial de longo prazo para a companhia, que vem respondendo ao sentimento de um aumento forte da concorrência, com um discurso de que as ferramentas de busca tradicionais podem estar ficando para trás.
“Também existe um ceticismo em relação à intensidade dos investimentos em IA (US$75 bilhões em 2025, acima das projeções dos analistas) e a monetização de longo prazo de inovações como AI Overviews na busca. Pontos de destaque no noticiário corporativo foram os avanços no Gemini 2.0 e o crescimento robusto do Google Cloud”, detalha ela.
Amazon
Com leve recuo, a Amazon apresentou um desempenho misto do início do ano até agora, segundo a Nomad. Embora a receita dos primeiros três meses do ano tenha crescido e o Amazon Web Services (AWS) tenha mostrado uma recuperação sólida no crescimento, surpreendendo as expectativas do mercado, a leve desvalorização da ação sugere que o mercado pode estar reavaliando o ritmo de expansão do e-commerce ou buscando maior clareza sobre o impacto de suas pesadas iniciativas em IA, após o anúncio da intenção de aplicar US$ 100 bilhões em infraestrutura para IA neste ano, diz a Nomad.
Fonte: Valor Investe
