O comitê de segurança interna do Senado dos Estados Unidos votou na quarta-feira pela aprovação de um projeto de lei que poderá restringir negócios com empresas chinesas de biotecnologia, como BGI e WuXi AppTec, por motivos de segurança nacional.
O projeto de lei foi elaborado para manter a saúde pessoal e as informações genéticas dos americanos longe de adversários estrangeiros. A proposta gerou profunda preocupação entre os investidores, resultando em uma liquidação nas ações da WuXi AppTec quando a notícia de seu lançamento chegou aos mercados chineses pela primeira vez no mês passado.
Embora o projeto tenha um longo caminho a percorrer antes de se tornar lei e possa mudar consideravelmente neste curso, o voto de aprovação é um motivo de preocupação para os investidores que não querem ver as empresas chinesas limitadas num mercado importante.
A WuXi AppTec, por exemplo, gera mais da metade de suas vendas com seus negócios nos Estados Unidos e opera instalações em todo o país, incluindo Geórgia, Pensilvânia e Califórnia, bem como um novo campus que será inaugurado em Delaware.
WuXi e BGI argumentaram que seus nomes deveriam ser retirados do projeto de lei, mas o projeto de lei apresentado pelo comitê ainda nomeava as empresas. O projeto de lei foi, no entanto, alterado para isentar contratos e acordos preexistentes.
O comitê votou 11 a 1 para fazer avançar o projeto de lei.
Depois de sair do comitê, o projeto deverá ser aprovado no plenário do Senado e na Câmara e, em seguida, precisará ser sancionado pelo presidente Joe Biden. Não está imediatamente claro quando o projeto será levado ao plenário do Senado para votação.
O senador Rand Paul, um republicano de Kentucky, foi o único que votou “não” e disse que os senadores estavam “aproveitando a raiva contra a China para fazer coisas protecionistas paroquiais em seu estado específico”.
Ele também expressou preocupação sobre o efeito que o projeto de lei poderia ter na cadeia de fornecimento de biotecnologia para empresas norte-americanas.
Tal como está escrito atualmente, proibiria as agências federais de contratarem a BGI, a MGI, a Complete Genomics, a WuXi AppTec da China, as suas afiliadas e outras empresas de biotecnologia consideradas “preocupantes”. Também impediria o governo de celebrar contratos com empresas que utilizam os seus equipamentos ou serviços.
As empresas negaram que representem qualquer ameaça à segurança.
A Organização de Inovação em Biotecnologia (BIO), uma associação comercial com sede em Washington que representa empresas de biotecnologia nos Estados Unidos e em mais de 30 outros países, incluindo a WuXi AppTec, instou o comitê a reconsiderar a legislação.
“Nomear explicitamente as empresas para medidas punitivas estabelece um precedente pelo qual as empresas podem ser punidas sem a revisão necessária e apropriada”, escreveu a executiva-chefe (CEO) da BIO, Rachel King, numa carta a Rand Paul e a Gary Peters, um democrata.
Um projeto de lei apresentado na Câmara em janeiro acusa a BGI, uma empresa de genômica, de representar uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos através da sua recolha de dados genéticos. Descreve a MGI e a Complete Genomics como subsidiárias e afiliadas.
A WuXi AppTec, que fornece serviços de pesquisa e desenvolvimento e fabricação para a indústria farmacêutica e de saúde, supostamente tem ligações com os militares chineses, de acordo com a versão do projeto de lei na Câmara.
As empresas afirmaram que a legislação proposta contém alegações falsas, enganosas e infundadas.
A Complete Genomics, com sede em San Jose, Califórnia, disse que não há base para sua inclusão no projeto de lei, que, segundo ela, promoverá um monopólio no mercado de instrumentos de sequenciamento genômico dos Estados Unidos.
Rick Connell, diretor de operações da WuXi AppTec para os Estados Unidos e Europa, disse em comunicado na terça-feira que a empresa “não representa um risco à segurança nacional” e é “um parceiro confiável para clientes nos Estados Unidos e em todo o mundo”.
A empresa não respondeu a um pedido de comentário.
O Grupo BGI disse que não tem acesso aos dados pessoais dos americanos. Informou que a legislação irá expulsá-lo dos Estados Unidos e limitar a concorrência.
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— Foto: Pixabay
Fonte: Valor Econômico
