Problemas-chave discutidos auxiliam no planejamento estratégico de todos os portes de empresa
PorRafaela Zampolli , Valor
Um estudo com mais de 1.100 profissionais de gestão executiva avaliou os principais riscos corporativos de 2024 e apontou previsões para 2034, no Brasil e no mundo. O levantamento “Top Risks” é feito há 12 anos pela empresa global de consultoria empresarial Protiviti.
Segundo Heloisa Macari, diretora executiva da Protiviti Brasil, as análises podem ajudar os executivos a evitar que os riscos se materializem e também na antecipação de estratégias de contenção para serem aplicadas caso ocorram. “Quem faz trabalho preventivo pode identificar oportunidades e reduzir custos”, avalia.
A segurança cibernética é um dos pontos de maior preocupação apontado pelo levantamento. “O elo mais fraco são as pessoas quando se trata de vazamento de dados. Ele pode vir de fora para dentro ou de dentro para fora”, aponta.
O conselho da diretora é investir em cultura de segurança da informação para os profissionais e em ferramentas que ajudam a selar o ambiente. “Uma proteção devida existe quando o seu muro é mais alto que o do outro porque um hacker não fica tanto tempo tentando te invadir. Ele vai testando. Uma hora ele pega um que está fácil e entra”, explica.
Considerando as tendências apresentadas, o líder deve se interessar pela implementação da inteligência artificial, diz Macari. “É muito difícil você pensar em estar presente daqui a 10 anos se não estiver atuando ou investindo em alguma coisa de IA”, afirma. Na sua visão, é recomendado, também, observar os vieses da inteligência artificial, que podem discriminar um público.
Caso não tenha planos com as IAs “você pode ficar para trás em termos de produtividade e se prejudicar em termos de competitividade”, adverte Macari.
Top Risks Brasil
| Ranking | 2024 | 2034 |
| 1 | Mudança no atual ambiente de taxas de juros | Mudança no atual ambiente de taxas de juros |
| 2 | Condições econômicas, incluindo pressões inflacionárias | Ameaças cibernéticas |
| 3 | Incapacidade de utilizar análises de dados para obter inteligência de mercado e aumentar a produtividade e a eficiência | Facilidade de entrada de novos concorrentes ou outras mudanças no ambiente competitivo |
| 4 | Capacidade de atrair, desenvolver e reter os melhores talentos, gerenciar mudanças nas expectativas de trabalho e enfrentar desafios de sucessão | Condições econômicas, incluindo pressões inflacionárias |
| 5 | Adoção de tecnologias digitais, exigindo novas competências que estão em falta no mercado | Adoção de tecnologias digitais, exigindo novas competências que estão em falta no mercado |
| 6 | Ameaças cibernéticas | Volatilidade nos mercados financeiros globais e nas taxas de câmbio |
| 7 | Manter a fidelidade e a retenção de clientes | Mudanças nos mercados globais e nas políticas comerciais |
| 8 | Facilidade de entrada de novos concorrentes ou outras mudanças no ambiente competitivo | Riscos de terceiros |
| 9 | Garantir a privacidade e a conformidade com as crescentes expectativas de proteção de identidade | Foco crescente nas mudanças climáticas e outras políticas de sustentabilidade |
| 10 | Acesso a capital/liquidez | Velocidade de inovações disruptivas possibilitadas por tecnologias avançadas e/ou outras forças de mercado |
Fonte: Protiviti, 2024
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Na terceira posição, o estudo aponta que, em 2024, as empresas brasileiras devem sofrer com a incapacidade de utilizar análises de dados para obter inteligência de mercado e aumentar a eficácia. O uso desse recurso auxilia no estudo do consumidor, funcionário, concorrência e tendências, e otimiza processos internos para que a equipe possa entregar mais com menos.
O estudo também aponta que um grande risco, no caso do Brasil, é a oscilação da taxa de juros, uma incerteza que persegue o empreendedor tanto hoje quanto daqui 10 anos. O contexto geopolítico instável reflete na insegurança quanto à taxa que “precisa cair […] para que possamos ter mais injeção de capital e fazermos investimentos”, reforça Macari.
Top Risks Mundo
| Ranking | 2024 | 2034 |
| 1 | Condições econômicas, incluindo pressões inflacionárias | Ameaças cibernéticas |
| 2 | Capacidade de atrair, desenvolver e reter os melhores talentos, gerenciar mudanças nas expectativas trabalhistas e enfrentar desafios de sucessão | Capacidade de atrair, desenvolver e reter os melhores talentos, gerenciar mudanças nas expectativas trabalhistas e enfrentar desafios de sucessão |
| 3 | Ameaças cibernéticas | Adoção de tecnologias digitais que exigem novas competências em falta |
Outro fator ressaltado pelo estudo é a dificuldade em manter a fidelidade dos clientes. Na edição brasileira do estudo de 2024, este tópico aparece em sétimo lugar. Isso se dá porque as empresas sofrem constantes riscos reputacionais, além do aumento da competitividade e da oferta. “Isso também é uma questão de ESG”, revela a diretora executiva da Protiviti Brasil.
*Sob supervisão de Stela Campos
Fonte: Valor Econômico
