A escolha do nome do sucessor do economista Gabriel Galípolo para a diretoria de política monetária do Banco Central (BC), da qual é titular, está sendo conduzida pessoalmente por ele e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No governo e no BC, a expressão que circula entre fontes que acompanham de perto essas articulações é “procura-se um Galípolo para a vaga de Galípolo”.
De acordo com fontes do Palácio do Planalto, do Banco Central e da Fazenda ouvidas pelo Valor nos últimos dias, Galípolo e Haddad buscam alguém com o perfil do atual titular do cargo para comandar a diretoria de política monetária, considerada a mais estratégica do BC. Ou seja, um economista ligado ao mercado financeiro, que seja respeitado pelo empresariado e pelos investidores, mas que também tenha diálogo com o campo progressista no mundo político.
Os nomes estão sendo discutidos a sete chaves e com máxima discrição pela dupla. Galípolo foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021, ano em que se aproximou do então pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva e de alas do PT.
Ele despertou as atenções da classe política e do empresariado quando acompanhou a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, em um jantar, na pré-campanha, com nomes do PIB como Abilio Diniz e Flávio Rocha. Em paralelo, sua formação acadêmica — é mestre em economia pela PUC-SP — o aproximou de Haddad.
A avaliação de interlocutores do Palácio do Planalto é que Galípolo está “empoderado” no cargo, o que lhe dá condições de participar diretamente da escolha dos três novos diretores do banco — além da vaga na diretoria de política monetária, também se encerram em 31 de dezembro os mandatos de Otávio Damaso, diretor de regulação, e de Carolina de Assis Barros, diretora de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta.
Na prática, isso significa que a escolha dos novos diretores do BC deve começar “do zero”, ou seja, os nomes cotados até então podem perder força na corrida pela indicação.
A principal cadeira em disputa é a de política monetária, responsável pelas mesas de juros e de câmbio da instituição, em geral ocupada por profissionais com experiência no mercado financeiro. Um dos nomes ventilados para esse cargo é o de Marcelo Kayath, ex-diretor do Credit Suisse e fundador da QMS Capital. Kayath é próximo de Haddad e já foi consultado por Lula em outras ocasiões durante esse terceiro mandato.
Ele chegou a ser convidado, inclusive, para uma diretoria do BC durante o atual mandato de Lula, mas recusou. Resta saber agora se o entorno do presidente vai continuar insistindo no nome dele ou se Galípolo vai influenciar o governo com sugestões alternativas. Procurado, Kayath não comentou o assunto.
Outro nome que vinha sendo citado nos corredores do Palácio do Planalto, mas agora dependerá do aval de Galípolo, é o de Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco. Procurado, disse por meio da assessoria de imprensa do banco que desconhece o assunto.
Galípolo foi indicado na terça-feira pelo presidente Lula para assumir a presidência do Banco Central a partir de 2025. A sabatina ainda não foi agendada no Senado. O mandato de Roberto Campos Neto à frente da autoridade monetária expira em dezembro.
A expectativa é que o nome do indicado para a vaga de Galípolo seja anunciado e enviado ao Senado em bloco com as nomeações dos outros novos diretores para as vagas que serão abertas em dezembro.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/m/A/xzH7afRMeo2HkuqqA0HQ/108284219-mariz-pa-20brasilia-2028-08-2024-20fernando-20haddad-gabriel-20galipolo-anuncio-20presidente-20banco-20do.jpg)
Fonte: Valor Econômico

