13 Sep 2023
Três empresas brasileiras atraíram montante superior a US$ 16 bilhões em ordens para suas ofertas de títulos de dívida (bonds) feitos no exterior na semana passada. Juntas, captaram US$ 4,25 bilhões. As transações ocorreram nos primeiros dias de setembro, o segundo mês mais concorrido por emissores globais que desejam se financiar no mercado norte-americano de dívida privada. A expectativa é de novas ofertas que irão somar mais US$ 3 bilhões até o fim deste mês. No entanto, esse é um desdobramento incerto. A volatilidade nas taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (treasuries), causada pelos indicadores da maior economia do mundo, pode transformar em mera “fresta” a janela de captações externas neste mês.
Anúncios de bonds estão represados
A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA hoje já represa alguns anúncios. Por outro lado, como há consenso de manutenção dos juros americanos em setembro e o mercado está dividido quanto a uma alta até dezembro, as empresas correm para emplacar as ofertas.
Demanda existe e ambiente é saudável
“O mercado está lá”, diz o responsável pela área de mercado de capitais de dívida Internacional do Bradesco BBI, Gilberto Nakayasu. Prova disso é que, no dia 5, empresas dos EUA com grau de investimento emitiram US$ 36 bilhões em bonds, o maior volume em três anos para esse grupo em um único dia.
INQUIETUDE. Giba, como é conhecido, diz haver inquietude com a resposta das taxas de juros nos EUA aos indicadores. As taxas, além do prêmio, são parte da equação de custo das ofertas. “Se a taxa do T-bond de 10 anos ficar mais próxima de 4%, o mercado deve ter mais otimismo”, diz. Ele afirma que este mês tende a ser o mais movimentado do ano e calcula que as empresas brasileiras devem levantar US$ 20 bilhões em 2023, perto da média de captações dos últimos seis anos, de US$ 24 bilhões.
ANO FRACO. O ano de 2022 foi contaminado pela expectativa com as eleições brasileiras e por dúvidas maiores sobre a direção dos juros norte-americanos, resultando em um volume atípico de pouco mais de US$ 5 bilhões em captações. De janeiro até agora, as empresas brasileiras já levantaram perto de US$ 13 bilhões no exterior com emissão de bonds.
CAPTARAM. As três empresas que largaram na frente em setembro foram Minerva, JBS e Braskem, levantando US$ 900 milhões, US$ 2,5 bilhões e US$ 850 milhões, respectivamente. A JBS teve a maior demanda, que chegou a US$ 8 bilhões, favorecendo uma captação superior ao que a companhia pretendia, de US$ 1,5 bilhão. A JBS emitiu bonds com vencimentos de 10 anos e 30 anos e foi a única empresa brasileira a captar com prazo de 30 anos nos últimos dois anos. A Minerva encontrou demanda de US$ 1,8 bilhão e a Braskem, de US$ 2,75 bilhões.
Fonte: Coluna do Broadcast / O Estado de S. Paulo

