Por Nikkei Asia — Taipei e Cidade do México
05/04/2023 07h13 Atualizado há 2 horas
A presidente Tsai Ing-wen procurou manter as fileiras cada vez menores de apoiadores de Taiwan com sua primeira visita à América Latina e ao Caribe em quatro anos, enquanto Pequim faz incursões em uma região historicamente amiga de Taipei.
Depois de transitar pelos Estados Unidos, Tsai chegou à Guatemala na sexta-feira e viajou para Belize no domingo. Ela se reuniu na segunda-feira com o primeiro-ministro de Belize, John Briceno, e foi convidada a falar perante a Assembleia Nacional, onde fez um apelo pela manutenção das relações diplomáticas.
“Belize continua a ser o defensor mais forte e poderoso de Taiwan para nossa participação internacional”, disse Tsai.
Taiwan doou 5 mil laptops a Belize para apoiar a educação. Os dois líderes assinaram um amplo acordo de cooperação técnica que abrange agricultura, educação e tecnologia, entre outras áreas.
Taiwan é um amigo e parceiro bilateral, disse Briceno.
Na Guatemala, Tsai destacou o apoio prestado por Taiwan em áreas como infraestrutura e assistência médica, e chamou o país de “aliado fiel”.
O presidente guatemalteco, Alejandro Giammattei, agradeceu a líder taiwanesa pela ajuda de Taipei e disse que sua visita era “extremamente importante”.
A América Latina e o Caribe – há muito vistos como o “quintal” dos Estados Unidos – têm sido um terreno desafiador para a China encontrar uma posição. Muitos países mantiveram relações com Taiwan mesmo depois que Washington mudou seu reconhecimento para Pequim em 1979. Sete dos 13 países que ainda reconhecem Taiwan estão nesta região.
Taipei tem lutado para mantê-los em seu canto por meio de estratégias como a ajuda econômica. Durante esta viagem, Tsai voltou sua atenção para a Guatemala, que tem a maior economia entre os aliados diplomáticos remanescentes de Taiwan, e Belize, um membro da Commonwealth com laços profundos com a Europa, os Estados Unidos e o Japão.
Os movimentos da China nos últimos anos para retirar o apoio à ilha autogovernada, usando seus vastos recursos, aumentaram a urgência da ofensiva de Tsai. Desde que ela assumiu o cargo em 2016, cinco países apenas na América Latina – Panamá, República Dominicana, El Salvador, Nicarágua e Honduras – retiraram o apoio à Taiwan. À medida que mais peças desse dominó caem, a abertura para Taiwan participar da comunidade internacional fica mais estreita.
A China também tem como alvo a Guatemala em sua investida diplomática. Giammattei disse em uma entrevista em 2021 que Pequim pediu ao país que rompesse os laços com Taiwan, oferecendo vacinas contra covid-19 como um incentivo, mas foi recusado.
Desde então, seu governo expressou consistentemente apoio a Taipei, afirmando claramente que não tem intenção de buscar relações diplomáticas com Pequim.
Se isso vai continuar não está claro. A Guatemala deve realizar uma eleição presidencial em junho, e candidatos de outros partidos estão à frente nas pesquisas. Embora os principais candidatos não tenham divulgado suas posições sobre Taiwan, o sucessor de Giammattei pode se inclinar mais para Pequim.
Pouco antes da viagem de Tsai, Honduras anunciou que romperia relações diplomáticas com Taiwan em favor da China. Honduras elegeu a pró-Pequim Xiomara Castro como presidente em 2021, e os esforços coordenados de Taiwan e dos Estados Unidos não conseguiram manter o país do seu lado.
O ministro das Relações Exteriores, Eduardo Enrique Reina, enfatizou em entrevista pouco antes da mudança que não tinha intenção de piorar as relações com Washington. Mas, embora Honduras não pudesse ignorar as opiniões de seu maior parceiro comercial, no fim das contas viu os benefícios econômicos potenciais de ficar do lado da China como grandes demais para deixar passar.
Fonte: Valor Econômico

