27 Feb 2024
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), Mohamed Shtayyeh, renunciou ontem ao cargo. A decisão ocorre no momento em que os EUA e os países árabes, incluindo a Arábia Saudita, pressionam para persuadir a AP a se reformular e se transformar em possível governo de Gaza após o término da guerra entre Israel e Hamas.
A razão oficial da renúncia foi a escalada da violência nos territórios ocupados por Israel. Mas a debandada no alto escalão da AP pode ter relação com uma possível reconfiguração de forças dentro da política palestina, já que o presidente, Mahmoud Abbas, de 88 anos, é cada vez mais impopular e visto com desconfiança pela população.
A incógnita é se a renúncia de Shtayyeh será suficiente para reformular a AP ou convencer Israel a deixá-la governar Gaza. Ontem, Abbas parecia firme no cargo ao lado de seus chefes de segurança. Depois de aceitar a renúncia do premiê, Abbas pediu que ele permanecesse como interino até a escolha de um substituto.
CHANCE. O governo israelense deu fortes indícios de que não permitiria que a atual liderança da AP administrasse Gaza. Assim, americanos e árabes esperam que um novo comando possa tornar Israel mais propenso a ceder o controle administrativo a uma renovada autoridade – um tema mencionado por Shtayyeh na renúncia.
“A próxima etapa e seus desafios exigem novos arranjos políticos que levem em conta a realidade emergente na Faixa de Gaza”, o premiê, na carta entregue a Abbas.
Sem um Parlamento funcional desde 2007, quando teve suas atividades suspensas, Abbas governa por decreto e exerce enorme influência sobre o Judiciário, reduzindo todas as margens de manobra de qualquer um que ocupe o cargo de premiê.
De acordo com diplomatas, o substituto preferido de Abbas é Mohamed Mustafa, um assessor econômico membro de seu círculo íntimo. A escolha, porém, segundo analistas, pode levar semanas. “Ao manter Shtayyeh como interino, Abbas estaria apenas ganhando tempo”, disse Ibrahim Dalalsha, diretor do Horizon Center, de Ramallah, na Cisjordânia.
A Autoridade Palestina foi criada após os Acordos de Oslo, entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A organização controla partes da Cisjordânia, mas não tem influência em Gaza, que está sob administração do Hamas. •
Fonte: O Estado de S. Paulo
